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E a água tudo tramou!

Por Idnórcio Muchanga

A chuva tem um poder incrível. Dá e tira. Pode fazer brotar um sorriso no rosto de quem está com sede, mas pode também arrancar lágrimas da alma de quem, impotente, a vê chegar em demasia. Ela põe e dispõe… não é por acaso que a sabedoria africana conclui que a água sempre descobre um meio.

O país tem sido vítima privilegiada desse capricho da natureza. Ainda há pouco vimos como a chuva pode fazer coisas de arrepiar o mais corajoso dos homens. Caiu em demasia e revelou, com uma ferocidade sem paralelo, as nossas fragilidades: casas ruíram, estradas transformaram-se em enormes piscinas, gentes viram as suas vidas viradas de avesso.

O olho atento de Carlos Uqueio, foto-jornalista de espírito aguçado, captou momentos que nos fazem pensar sobre o país que estamos a (des)construir. Se é certo que a chuva tem uma força descomunal, também é verdade que bastas vezes é a incúria humana que propicia o palco para que a precipitação atmosférica se transforme num dilema ainda maior.

Cortamos os caminhos naturais da água – esquecendo que ela conhece os caminhos –, entupimos as valas de drenagem e derrubamos a vegetação com sadismo. O resultado está aí. A água que nos devia aliviar traz dor… e quando a estiagem chegar, voltaremos a chorar.

Texto de Belmiro Adamugy e Foto de Carlos Uqueio

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