Cristãos acorreram ao princípio da noite da última quarta-feira aos seus lugares de culto para tomar parte da chamada celebração da vinda de Jesus Cristo ao mundo. Embora as orações tenham iniciado muito cedo, entre as 19 e 20 horas, por razões de segurança, os crentes não se deixaram perturbar, tendo cantado louvores a Deus pelas conquistas que conseguiram no ano prestes a findar.
Numa ronda efectuada em algumas paróquias, vimos um ambiente típico deste momento, caracterizado pelo baptismo das crianças e outras manifestações das comunidades cristãs .
Por exemplo, na Paróquia Santa Ana da Munhuana, cidade de Maputo, a celebração iniciou por volta das 19 horas, tendo-se prolongado até um pouco depois das 22 horas.
Dirigindo-se aos fiéis católicos daquela igreja, o arcebispo auxiliar da Diocese de Maputo, Dom João Cristão, chamou a atenção para que as pessoas, independentemente do seu estatuto social, tomassem o evento como ocasião para se reconciliar com Deus e com as próprias famílias.
“No Natal, celebramos a vinda de Jesus, nosso Mestre e Salvador. Ele veio para instaurar o Reino de Deus, que é o Reino da Solidariedade, da Paz, da Justiça, da Verdade, da Vida e do Amor. Estes são os valores que todos nós, os moçambicanos, almejamos e necessitamos porque acreditamos que com eles a nossa vida se torna mais feliz”,disse João Carlos.
Acrescentou ainda que mesmo acreditando que o Reino de Deus já está presente e operante na nossa própria história humana, ainda não está completamente realizado. “Por isso exige o empenho e a dedicação de cada um de nós e em cada lugar, tomar os sinais e os valores deste Reino, isto é, reavivar esta esperança e reassumir este mesmo compromisso”.
E porque durante o ano prestes a findar ocorreram vários aspectos que desabonam o cristianismo e o catolicismo, aquele prelado apela às comunidades para não serem vencidas por eventuais fraquezas.
“Sabemos que nem sempre a nossa vida foi caracterizada por agradáveis momentos ao longo deste ano. Também atravessamos momentos difíceis. Por isso, precisamos de acolher o Filho de Deus que nasce neste Natal e todos os valores do Reino que ele veio instaurar”,referiu João Carlos, apelando para uma solidariedade para com milhares de pessoas que morrem de fome todos os dias.
Por sua vez, a bispa da Igreja Metodista Unidade de Moçambique, Joaquina Nhanala, frisou que os moçambicanos, ao celebrar a festa natalícia, precisam de aprofundar o amor fraterno que Jesus deixou.
Segundo apelou, não há razões, por exemplo, para os políticos enveredarem pelos discursos violentos, porque o povo moçambicano é pacífico e sempre soube resolver os seus problemas mesmo nos momentos difíceis.
Para ela, o facto de o pleito eleitoral ter decorrido num ambiente ordeiro após a tensão político-militar é sinal de que mesmo após a proclamação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional, o clima de paz irá prevalecer.
“Nós já tivemos momentos piores. Não imagine o medo que se havia instalado com os acontecimentos de Santungira, mas graças a Deus conseguimos superá-los. Reconquistamos a confiança até porque o passado Divino nos ensina que é possível viver em paz e na esperança de que as diferenças serão resolvidas, porque não há ninguém interessado em destruir as conquistas do povo moçambicano”, disse Joaquina Nhanala.
Para Joaquina Nhanala é necessário que os moçambicanos confiem em si próprios e nas suas instituições para que o país possa crescer continuamente. “ Deus está connosco e dá-nos esperança de que sempre haverá uma luz no fundo do túnel para a solução das diferenças. Portanto, ele é o príncipe da paz, pelo que devemos seguir o seu exemplo”, apontou.
“Não podemos nos enfraquecer perante os tumultos. Temos que ser fortes e confiantes na sua solução num ambiente de paz e esperança contínua de que sempre prevalecerá o espírito fraterno”, apelou.
Refira-se que na Igreja Metodista Unida, as celebrações foram marcadas por baptismos, o que representa um renascimento e o limpar dos pecados, pois a presença de Deus visa salvar o mundo do pecado.
No final das celebrações, houve abraços fraternos entre os crentes, em sinal do desejo de que a paz prevaleça para sempre e para que os políticos sigam o seu exemplo, disseminando a chamada semente da paz em todo o território nacional.
Aliás, sendo o dia 1 de Janeiro, o Dia da Paz, diversos foram os apelos para que as pessoas continuem a preservar este bem precioso. “Oremos pela paz, especialmente no dia 1 de Janeiro, que é o Dia Mundial da Paz, desejada por Paulo VI. É importante hoje ser fiel a esta invocação e comunicá-la num mundo onde a violência está a crescer”, disse um crente da Igreja Católica.