O péssimo estado das vias de acesso aos diferentes bairros da localidade de Mulotana, na província de Maputo, está a afugentar transportadores semi-colectivos de passageiros.
A localidade de Mulotana, no distrito de Boane, está a conhecer, nos últimos tempos, maior procura terrenos para habitação e edificação de infra-estruturas diversas sobretudo aos sectores comercial e turístico.
Contudo, a demanda não é acompanhada por investimento em estradas terciárias, emergindo, desde logo, dificuldades de acesso aos diferentes bairros da localidade. A estrada que parte de Malhampsene para aquelas bandas é terraplanada e apresenta covas enormes, o que dificulta a circulação de pessoas e bens.
Resultado: em cada mês que passa, pelo menos, um transportador desiste daquela actividade.
A situação é descrita como mais complicada no período nocturno, pois os transportadores não querem circular, porque temem provocar acidentes, visto que nesse período não conseguem visualizar o tamanho das covas, para poderem esquivar-se.
Outros temem ser assaltados, pois há relatos que indicam que no ano passado houve o registo de três assaltos, protagonizados por indivíduos até hoje a monte.
Para concretizarem os seus intentos, os malfeitores aproveitavam-se dos locais onde o condutor abranda a velocidade para esquivar-se duma cova ou tronco na estrada.
Face à estas circunstâncias, o transporte é garantido por carrinhas de caixa aberta, vulgo “my love” das 5:00 horas até às 18:30 horas.
TRANSPORTADORES DESGASTADOS
Transportadores que ainda operam naquelas bandas lamentam a situação e referem que estão a acumular prejuízos económicos pois são forçados a fazer revisão das viaturas semanalmente.
Contam que, vezes sem conta, interrompem marcha no meio do percurso devido problemas mecânicos. Em consequência o passageiro abandona o carro sem pagar o transporte.
João Bonifácio, transportador, disse à nossa Reportagem que em diferentes ocasiões pediu às estruturas administrativas da localidade para intervirem na melhoria daquele troço sem contudo lograr resultados até ao momento.
Somos obrigados a pagar 20 meticais, por dia, à associação dos transportadores e não estamos a ver o benefício dessa contribuição. A estrada está com covas que podem engolir uma carrinha de quatro toneladas. A situação está piorar nos últimos tempos porque partilhamos as vias com camiões que transportam areia e pedra, contou.
Salvador Simbine, outro transportador, disse que muitos colegas já abandonaram a actividade.“Eu prefiro continuar porque acho que não é mesmo ficar em casa. Mas isso não quer dizer que estamos satisfeitos, arriscamos todos os dias. A situação obriga-nos fazer revisão todas as semanas, imagine quanto é que gastamos, ressalvou.
Abibo Selemane
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