Em Moçambique, o médico-cirurgião japonês apoiou a abertura do Centro de Hemodiálise no Hospital Central de Maputo (HCM) e projecta ainda ajudar na construção de uma unidade sanitária
com capacidade para assistir 500 pacientes
De todas as reuniões que envolveram a delegação moçambicana em Yokohama, Japão, no âmbito da 5ª Conferência Internacional para o Desenvolvimento de África (TICAD V), recentemente realizada, cuja tónica foi o investimento em Moçambique, destaca-se o encontro com o Doutor Mo Torao Tokuda, médico-cirurgião que descobriu a cura de várias doenças renais.
Mo Torao Tokuda é cidadão japonês da ilha de Tokunoshima, situada ao sul do Japão. Aos nove anos de idade perdeu seu irmão de três anos devido a inexistência de cuidados médicos especializados na sua região.
Foi assim que despertou sua paixão e vocação para medicina, formando-se na Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Osaka.
Sua mãe foi igualmente grande fonte de inspiração, pois era uma incansável trabalhadora e moldou sua personalidade para o gosto pelo trabalho.
Após sua formação como cirurgião, e durante oito anos consecutivos, trabalhou a tempo inteiro em hospitais públicos, onde percebeu que a gravidade da doença dos pacientes transferidos das unidades sanitárias de nível inferior devia-se, sobretudo, à negligência do pessoal de saúde, derivada da falta de senso, responsabilidade e ética médicas.
Foi assim que Mo Torao Tokuda investiu na construção de hospitais para assistência médica de qualidade e que prestassem cuidados de saúde 24 sobre 24 horas, no espírito de que todos os homens têm direito à saúde e, por isso, os profissionais de saúde devem depositar o seu voto de confiança aos pacientes. Seu trabalho fundava-se na premissa segundo a qual os médicos devem somente se preocupar com a saúde dos doentes e não apenas com os bens materiais.
A sua filosofia de trabalho tornou-o no médico mais carismático, que criou a maior empresa de medicina hospitalar no Japão com mais de 290 instalações médicas e de bem-estar, incluindo 66 hospitais espalhados pelo mundo fora.
Só na sua aldeia natal, Torao Tokuda construiu sete hospitais e 30 centros de saúde. Instalou sete centros de tratamentos e cinco centros de ressonância magnética, contribuindo assim para serviços de assistência médica nas ilhas remotas.
Na Bulgária, em 2006, Tokuda construiu o Hospital de Sofia, com capacidade de mil e 16 camas. Ergueu também o Torao Tokuda Heart Center, em Brasília, Brasil, em 2012.
Presentemente, o grupo de Torao Tokuda projecta, na Rússia, a construção de hospitais em quatro grandes cidades. Em África, particularmente em Moçambique, apoiou a abertura, no Hospital Central de Maputo (HCM), do Centro de Hemodiálise e projecta ainda ajudar na edificação de um hospital com capacidade de assistir 500 pacientes, a ser financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Estas experiências estão a ser replicadas em outros países africanos como Zâmbia, Djibouti, Ruanda e Uganda.
Foi na perspectiva de investir no sector da saúde que aquele médico de renome internacional privou com o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, para se inteirar dos níveis de desenvolvimento do país, em geral, e sobre os desafios de Moçambique na área da saúde, em particular. Também expôs a sua intenção de criar condições para garantir que mais moçambicanos possam beneficiar de apoios na assistência médica.
