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MUTHIYANA DE FIBRA: Pretendo especializar-me em odontopediatria

Por Idnórcio Muchanga

Nome: Inocência Cristina Macome

Naturalidade: Gaza, distrito de Xai-Xai

Residência: Maputo.

Profissão: Médica dentista e consultora de saúde oral virtual.

Conquistas: Formada em Medicina Dentária pela Universidade Zambeze, passou a infância num bairro da cidade de Xai-Xai, denominado Bairro 11. Conta que “quando era pequena sonhava em ser muitas coisas: já sonhei em ser veterinária – gostava muito de animais -, já quis ser Presidente (risos) e médica. Lembro-me até que brincava de hospital com os meus primos e quem fazia picas era eu”. Revela que a paixão por medicina surgiu pelo facto de “a minha avô falecida ter praticamente residido no hospital, e ela dizia na língua local que, se eu fizesse medicina, ajudaria a todos da família e a muita gente. O sonho começou a crescer ali, ou seja, a sede de querer ajudar”.

Afirma que a fase mais difícil da formação foi “no meu terceiro ano de faculdade, porque perdi a minha avó, alguém que, mesmo sendo iletrada, carregava muita sabedoria. E o facto de não ter podido me despedir dela, devido a condições financeiras, que não me permitiriam sair de Tete para Gaza, abalou-me. Lembro até de ter perdido peso… foi uma fase difícil”, desabafa.

Hoje, já formada, a médica dentista trabalha com um público especial: crianças. “Essa paixão, que também chamo de dor, surgiu em 2018 quando participei num concurso organizado pelo Instituto de Ciências e Tecnologias. Nele devíamos apresentar um projecto de pesquisa e levantámos como problema a incidência de cáries dentárias em crianças de 6-9 anos de idade. Essa pesquisa foi feita numa escola em Tete. Fizemos a recolha de dados e eu observei uma criança do sexo feminino de 6 anos, que tinha inúmeras cáries. Isso doeu-me muito. Demos guias para que tivéssemos autorização dos pais para prosseguirmos com os tratamentos, mas os pais não anuíram ao nosso pedido.

Ali mesmo nasceu a paixão”. Na verdade, “eu acredito que se ensinarmos às crianças os cuidados com os dentes, teremos daqui a alguns anos adultos livres de doenças orais, livres de doenças sistémicas e, acima de tudo, adultos felizes e com sorrisos radiantes”. Entretanto, “acredito que tem sido um desafio, porque muitos de nós não crescemos com a cultura de visitar o dentista, para consultas de rotina, procura- -se apenas por ele quando se sente dores. Essa tem sido a minha luta: a promoção e a prevenção. A minha esperança é esta de que a mente que se abre ao conhecimento não volta a ser a mesma”.

A “muthiyana” de fibra do domingo tem prestado serviços de atendimento odontológico numa clínica localizada no município da Matola, província de Maputo. Conseguir terminar o curso, “apesar de ter sido desmotivada de todas as formas possíveis, tendo chegado a pensar em fazer outra coisa”, considera ser a sua maior conquista. Sonho: “Especializar-me em odontopediatria, ter um consultório e ter impacto na vida das pessoas”.

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