A ministra da Saúde, Nazira Abdula, procedeu na passada sexta-feira na cidade de Maputo, concretamente no mercado Xikhelene, ao lançamento da campanha contra a venda ilegal de medicamentos, uma prática que apesar de todos os esforços desenvolvidos em todas as províncias país até agora ainda não foi possível erradicar.
Falando sobre as preocupações que afligem o sector destacou dois pontos, nomeadamente a venda de medicamentos fora do prazo e roubo de medicamentos no Sistema Nacional de Saúde (SNS).
“Ao nível dos nossos hospitais continuam a chegar pacientes já em estado grave da doença porque antes de se dirigirem a uma unidade sanitária recorrem à auto-medicação e em muitos casos com medicamentos impróprios, fora do prazo ou mal conservados”, disse a ministra.
“Estamos aqui, também, para informar que não há garantia de que um medicamento adquirido nos mercados, nos vendedores informais, possa melhorar o estado de saúde do paciente. Para se obter o máximo benefício da medicação, o paciente deve receber toda a informação relativa ao medicamento”, explicou a titular da pasta da Saúde à população.
Para melhor compreensão da população, Nazira Abdula detalhou os riscos associados à compra de medicamentos em lugares impróprios.
“O medicamento pode estar expirado, ter sido considerado impróprio para o consumo humano pelo laboratório, e ser retirado por pessoas de má-fé da quarentena dos armazéns onde aguardava a respectiva destruição”.
Refira-se que a inobservância das condições adequadas de conservação, associada à exposição dos medicamentos ao calor e humidade, ocasiona alterações na sua composição, fazendo com que os medicamentos se degradem e percam o seu efeito terapêutico, e em alguns casos ganham uma elevada toxidade que pode provocar danos aos pacientes.
“Por isso e uma vez que não há diagnóstico e aconselhamento de um profissional de Saúde quanto à utilização do medicamento comprado em locais impróprios, o seu uso pode estar contra-indicado ao paciente ou levar o surgimento de reacções adversas graves, causando incapacidade ou até mesmo levando à morte do paciente antes de chegar ao hospital. Há também maior risco de adquirir um medicamento falsificado”, explicou Nazira Abdula.
DEZ POR CENTO DOS MEDICAMENTOS VENDIDOS NO MUNDO SÃO FALSOS
O medicamento pode estar expirado, ter sido considerado impróprio para o consumo humano pelo laboratório, e ser retirado por pessoas de má-fé da quarentena dos armazéns onde aguardava a respectiva destruição
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que dez por cento dos medicamentos vendidos no mundo são falsos. Este índice de circulação de remédios falsificados situa-se, em média, em 30 por cento nos países em desenvolvimento, como é o caso de Moçambique.
“A OMS estima que a cada ano duzentas mil pessoas não morreriam de malária se fossem tratadas com medicamentos certificados e de qualidade. Por isso temos de ter muita atenção sobre os locais onde compramos medicamentos para nós, nossos filhos e demais pessoas”, disse.
“Ao promover esta campanha, nós, Ministério da Saúde
Ao nível dos nossos hospitais continuam a chegar pacientes já em estado grave da doença porque antes de se dirigirem a uma unidade sanitária recorrem à auto-medicação e em muitos casos com medicamentos impróprios, fora do prazo ou mal conservados
e parceiros, pretendemos unir esforços com a sociedade civil e população no geral na luta por uma causa que merece toda atenção, contribuindo, desse modo, para a consciencialização dos perigos associados à compra de medicamentos ilegais”, finalizou.
De referir que a campanha contra a venda ilegal de medicamentos tem o apoio do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP).