O combatente da Luta de Libertação Nacional, Francisco Cabo, desafia a juventude a fazer do legado de Francisco Manyanga, uma fonte de inspiração para a sua participação no
processo de Luta.
Segundo defendeu, para que isso aconteça, é necessária uma entrega abnegada aos estudos e distanciamento total dos discursos inflamatórios que possam pôr em causa a unidade nacional
conquistada à custa dos melhores filhos desta pátria.
Francisco Cabo falava semana finda na Escola Secundária Francisco Manyanga, em Maputo, no âmbito das celebrações do 40º aniversário do desaparecimento físico do herói nacional que leva o nome daquela escola.
Cabo instou os jovens a fazer destas celebrações um momento de exaltação dos feitos deste combatente da luta de libertação nacional, nascido a 27 de Março de 1931 no povoado de Tchetcha, na localidade de Charre-Sede, distrito de Mutarara, província de Tete e que perdeu a vida a 29 de Junho de 1973, vítima de doença, em Dar-Es-Sallam, República da Tanzânia.
Na ocasião, explicou que Francisco Manyanga foi um homem de dimensão transcendental na formação dos jovens que, na tenra idade, partiram para os campos de preparação político militar, tendo em vista a sua participação no processo da libertação do país do jugo colonial português.
Segundo afirmou, para além de instrutor político-militar, Manyanga foi um grande professor da escola de vida para muitos jovens que chegavam ao campo de treinos de Kongwa, na Tanzânia.
Acrescentou que ele próprio conheceu Manyanga naquele centro de treinos, facto que aconteceu em Julho de 1965, portanto, um ano e um mês após o desencadeamento da luta armada, quando Francisco Cabo e um grupo de cinco jovens chegaram a Kongwa.
Debruçando-se concretamente sobre a obra daquele herói nacional, Francisco Cabo destacou o papel desempenhado por Manyanga na edificação dos centros de Nanchingwea e Tunduro, na República da Tanzânia.
Um dos aspectos marcantes e que se acredita que tenha sido ímpar na altura, foi a transformação daqueles lugares em centros de referência a nível de África, no que concerne à produção agrícola e formação do homem do amanhã.
“Ele tinha sido preparado na Argélia e para além de instrutor militar, foi um grande professor e com uma capacidade invejável de ensinar os jovens. Não sei se foi porque nasceu numa família camponesa, mas a verdade é que ele era um homem com uma dimensão humana invejável. Isto é, sentia na própria pele o sofrimento do povo moçambicano”,disse Francisco Cabo, para depois acrescentar: “foi o meu educador e pai. Transmitiu-me uma certa experiência de vida, sobretudo na liderança juvenil, onde fui dirigente e que graças aos ensinamentos dele tornei-me num bom dirigente dos jovens”.
Num outro momento, referiu que dada a sua capacidade de liderança, Manyanga desempenhou um papel preponderante na abertura da frente de Tete, onde chegou a ser primeiro secretário provincial da Frelimo, o que contribuiu significativamente para o avanço da luta armada para as regiões de Sofala e Manica.
Referiu que o nome de Francisco Manyanga, era um pseudónimo, para não ser encontrado pela então Polícia da Defesa do Estado (PIDE), pois, ele chamava-se Caetano Augusto Mendonça.
“Mesmo eu tive que adoptar um nome de guerra e neste caso, Aquintola, para poder passar despercebido, pois o regime colonial português não facilitava e éramos procurados a ferro e fogo”,disse Francisco Cabo.
Para o orador, os jovens devem investigar mais sobre a história do seu país, “pois, um povo que não conhece a sua história, torna-se escravo e não pode desenvolver o seu próprio país”.
Num breve olhar sobre a actual situação política económica e social, aquele combatente instou os jovens a distanciarem-se de actos criminosos e discursos belicistas. “Todas as nossas acções devem ser a favor da paz. Isto é, temos que garanti-la a todo custo, de tal forma que nas conversas com as pessoas adultas é necessário desencorajar discursos inflamatórios”, apelou Francisco Cabo.