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Homens não denunciam maus-tratos por que passam

Por admin

Dados divulgados, recentemente, pelas autoridades da Saúde revelam que são poucos indivíduos do sexo masculino que apresentam queixa quando sofrem algum tipo de violência. De um total de 694 pessoas vítimas atendidas no primeiro trimestre do presente ano, no Centro de Atendimento Integrado às Vítimas de Violência do Hospital Geral de Mavalane, apenas 59 são homens.

De acordo com Lina Munguambe, directora do Centro,desses 59 casos atendidos 51 foram fruto de violência física. Deste número, 34 casos ocorreram em indivíduos com idade superior a 25 anos.

Entretanto, conforme referiu, um número considerável de agressões físicas contra o sexo masculino é perpetrado pelas esposas com recurso a instrumentos contundentes como faca, ferro, pau, entre outros. Mesmo assim, maior parte dos homens que se aproximam das unidades de atendimento “tem sempre dúvidas sobre o seu direito de participar a ocorrência”, de acordo com Munguambe.

Há dias, um crime grave foi registado em Manica, em que um indivíduo do sexo masculino foi agredido pela sua própria esposa, que se sentiu ofendida com as compras “incompletas” de produtos alimentícios, efectuadas pelo seu parceiro para o consumo da sua família.

Conforme foi reportado, a vítima adquiriu peixe e tomate e deixou de fora o óleo alimentar, o que desencadeou uma discussão e troca de impropérios entre ambos, que levaram a cidadã em causa a desferir pauladas no marido até lhe tirar a vida. 

Relativamente às mulheres, o Centro acompanhou 635 casos de mulheres vítimas de violência, sendo 518 agressões físicas, 113 sexuais e quatro psicológicas.

Adolescentes

denunciam violência

Nos últimos tempos tende a crescer o número de participações de violência feitas por adolescentes que, sem a companhia de algum adulto, se dirigem às unidades de atendimento. De acordo com o psicólogo do Centro de Atendimento Integrado às Vítimas de Violência do Hospital Geral de Mavalane, Sarmento Govene, “percebemos que eles têm medo de contar aos familiares o que lhes acontece, por temerem represálias por parte do agressor, que geralmente está inserido no meio social onde ela vive. Contudo, depois de uma conversa, mandamos chamar os pais, uma vez que ele precisa de apoio e compreensão da sua família”. Em relação às vítimas de violência sexual são imediatamente submetidas a uma medicação contra o HIV por um mês e contra infecções de origem sexual por um dia, referiu o psicólogo.

Dados colhidos no local dão conta que maior parte dos casos de violência sexual contra o sexo feminino ocorreu em meninas com idade entre os 15 e 18 anos.

Outro aspecto que preocupa as autoridades é a ocorrência de violência sexual em menores do sexo masculino. No primeiro trimestre do presente ano, o Centro atendeu seis casos de menores com idades compreendidas entre os 10 e 14 anos. Na sua maioria, os actos criminosos foram praticados por familiares ou vizinhos dos menores.

Entretanto, nota negativa vai para o facto de muitas vítimas abandonarem a monitoria médica após algumas sessões. Sarmento afirma que o acompanhamento médico e psicológico deve ser cumprido em 6 meses para garantir a sua eficácia.

Refira-se que o Centro de Atendimento Integrado às Vítimas de Violência do Hospital funciona há cerca de um ano, e é uma das poucas unidades sanitárias que possui um centro de atendimento que congrega no mesmo local os serviços de medicina legal, de psicologia, da procuradoria e da Polícia da República de Moçambique.

Luísa Jorge
luisa.jorge@snoticicas.co.mz

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