Iniciou-se no mundo de negócios vendendo carvão na província de Maputo. Quando aquele negócio começou a não ter rendimento, entrou para experimentar a venda de portas fabricadas do norte do país e já está nisto há cerca de 12 anos.
Afirma que betumar, lixar e envernizar portas não é apenas trabalho para homens.
Quando e como iniciou o negócio de preparação e venda de portas?
Antes deste negócio vendia carvão. Mas com tempo o negócio de carvão passou a não ter rendimento e ai pensei em iniciar com a venda de portas de madeira, isto em 2003…
O seu trabalho é feito maioritariamente por homens. As pessoas não estranharam a sua paixão?
Antes eram realmente poucas mulheres que abraçavam este negócio. Mas hoje a realidade é deferente. A mulher está em todas áreas. Aqui também tenho colegas do sexo feminino e o tratamento entre homens e mulheres é igual. Existe respeito porque todos estamos à procura de uma fonte de sobrevivência.
O negócio é rentável?
Consigo cumprir com as despesas caseiras. É o mais importante. Não é como estar em casa sem fazer nada. Mas agora que preço de tudo subiu, as coisas mudaram. Os clientes querem negociar o preço e nem sempre entendem que temos colas, lixas, e outros produtos que usamos na preparação das portas. Outro problema é de termos portas e janelas de alumínio no nosso mercado.
Acha que as portas de madeira nacional correm risco de perder mercado?
Penso que não. Algumas ainda gostam da nossa madeira. Outras dizem que o alumínio tem mais beleza. Por exemplo, agora não compro grande quantidade de portas. ..
Pensa em mudar de negócio?
Penso sim. Como aconteceu com o carvão, se um dia perceber que preparar e vender portas já não está a render nada, vou apostar noutra área. O importante é tomar a decisão. O dinheiro vai aparecer.
Sempre foi uma mulher corajosa?
Temos que ter coragem para enfrentar as dificuldades. A mulher é muito forte e sabe seguir em frente quando tem um objectivo a alcançar.
A quem busca esse espírito?
A vida ensinou-me. Antes era dona de casa. Acordava, cuidava da casa e da minha família. ..
É viúva. Iniciou o negócio quando perdeu o seu marido?
Não. Muito antes. Decidi que devia fazer algo que me rendesse algum dinheiro. Hoje, os meus filhos recorrem a mim quando têm alguma preocupação financeira…
Como classifica a mulher moçambicana?
É uma mulher trabalhadora. Há uns anos, as mulheres ficavam apenas em casa cuidando dos filhos do marido e da casa. Eu fui assim também. Mas as coisas mudaram. A mulher enfrenta os seus medos, luta e alcança o que quer.
