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EFEMÉRIDE: Nyusi apela ao fim de práticas que elevam índices de HIV e Sida

Por admin

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, lançou um olhar crítico sobre atitudes e práticas que contribuem para a elevação dos índices de contaminação pelo HIV e Sida no país. Com efeito, apelou às lideranças comunitárias, incluindo as famílias, a oferecerem uma educação de base às crianças, adolescentes e jovens, que estimulem condutas preventivas e, à mesma medida, reduzam o estigma no seio das comunidades.

Ao Governo, segundo sublinhou, cabe o dever de criar condições para que as mensagens sobre a prevenção do HIV e Sida sejam transmitidas e partilhadas de forma clara para todos os quadrantes da nossa sociedade.

Os apelos foram lançados durante as cerimónias centrais alusivas às comemorações do Dia Mundial de luta contra a Sida, assinalado a 1 de Dezembro, em Maputo, um momento que serviu de reflexão sobre os resultados alcançados no contexto de planos desenvolvidos rumo à extinção desta doença.

Conforme avançou, o produto das acções executadas especialmente no ano de 2016 “deixa-nos encorajados a prosseguir com mais empenho”. Entretanto, dados que vêm sendo divulgados desde o ano de 2011 indicam que Moçambique registou progressos significativos no combate à epidemia.“Registamos uma redução da transmissão sexual do HIV em 25%. Registamos, igualmente, redução da transmissão do vírus do HIV da mãe para o filho em quase metade nos últimos 3 anos, passando de 11,9% em 2013 para 6,2% em 2015”.

Mesmo assim, o PR salientou a necessidade de se reforçar as estratégias de prevenção que, conforme foi destacado na ocasião, continuam a mostrar-se como a via eficiente para o alcance dos resultados pretendidos.   

Nesta orientação, segundo Nyusi, as abordagens de prevenção “devem estar baseadas na comunidade, segmentada por grupos etários, com especial destaque para adolescentes e jovens, particularmente a rapariga dos 15 aos 24 anos de idade e outros grupos de alto risco”.

Ainda na esteira das plataformas de actuação, referiu-se à aprovação, em 2015, do IV Plano Estratégico Nacional de Combate ao HIV e Sida, 2015-2019, uma ferramenta do Governo que orienta a resposta articulada e multissectorial no controlo da doença.

Trata-se de um instrumento que fornece um quadro claro sobre como abordar esta epidemia, para além de especificar elementos que remetem à forma como são fornecidas e coordenadas as actividades inerentes a esta luta, quer ao nível institucional, quer comunitário, paralelamente à injecção de esforços com vista a aumentar o acesso aos cuidados clínicos e tratamento para as pessoas vivendo com HIV e Sida.

O momento serviu, igualmente, para saudar a “todos os intervenientes que não têm poupado esforços para melhorar a cobertura e o impacto das nossas intervenções”, rumo a um Moçambique livre do HIV e Sida.

Para além dos esforços do Ministério da Saúde, o país conta com “parceiros que apesar das dificuldades de vária ordem continuam firmes no seu apoio à nossa luta contra o HIV e Sida”.

Sem este apoio, afirmou o PR, o nosso país não estaria em condições de responder de forma efectiva à prevenção, ao tratamento e a todo o processo de combate ao HIV e Sida.

MULHERES E JOVENS

COM ÍNDICES PREOCUPANTES

O combate ao HIV e Sida tem alcançado, igualmente, resultados encorajadores ao nível mundial.

Ainda assim, as acções tendentes à redução dos índices de infectados, principalmente na África Subsahariana, carecem de atenção redobrada.

Esta declaração foi feita, durante as celebrações, pela representante da Agência das Nações Unidas para o combate ao HIV e Sida, que destacou a premente necessidade de incidir as acções de combate em mulheres e jovens que contribuem em grande medida para a elevação das estatísticas, bem como o grupo de homossexuais.

De forma sistematizada, declarou que “queremos que as crianças nasçam livres do HIV e Sida, assim como os jovens, e pretendemos que os adultos contaminados tenham tratamento”.

Voltadas às acções de forma específica para o nosso país, os parceiros de cooperação na luta contra o HIV e Sida prometem apoios a vários níveis, especialmente, no tratamento, assistência nos locais com maior vulnerabilidade e no reforço da logística, entre várias intervenções, rumo ao ano de 2030, colocado como marco para eliminação desta doença como uma epidemia.

Localmente, um dos grandes desafios reconhecidos pelos parceiros nesta luta é garantir uma elevada adesão e retenção dos infectados no tratamento desta doença. Conforme foi anotado, “há menor participação das minorias, a título de exemplo, as trabalhadoras de sexo”.

Assim sendo, avançaram os parceiros, mostra-se importante apostar na mobilização e sensibilização da população no seio das comunidades, ao mesmo tempo que se torna imperioso alocar meios financeiros, entre outros, para suprir as necessidades materiais nesta luta.

Medicina tradicional distribui preservativos

A união de esforços dos vários intervenientes na sociedade vem sendo reiterada como fundamental para travar a epidemia do HIV e Sida no país. Com efeito, a medicina tradicional, que no passado constituía um dos factores para a propagação da doença, devido ao desconhecimento ou falta de observância de regras na utilização de instrumentos cortantes, declarou, na presença do Presidente da República, a sua participação sistematizada e coordenada na luta contra esta doença.

Falando na ocasião, Catarina Chambe, representante dos médicos tradicionais, referiu que “os praticantes desta medicina estão conscientes de que a Sida não tem cura”, nesta senda, avançou que vêm desenvolvendo um trabalho em coordenação com o Ministério da Saúde, de forma a garantir que os doentes percebam a necessidade de se dirigirem às unidades sanitárias de forma a terem acesso ao tratamento anti-retroviral, para o controlo da doença.

Deste modo, ao receberem pacientes com sinais de contaminação pelo vírus, “encaminhamo-los ao hospital, e, igualmente, sensibilizamos os pacientes que abandonam o tratamento a retornarem à assistência hospitalar”.

A participação deste grupo estende-se à distribuição de preservativos, sobretudo na faixa etária de indivíduos sexualmente activos, acto acompanhado pela exortação “a todos os jovens que usem preservativo nas relações sexuais”.

Ciente da importância de agregar toda a classe, Chambe dirigiu-se, igualmente, “a todos os médicos tradicionais a executarem estas e outras orientações, divulgadas pelo Governo e outros parceiros de forma a vencermos esta luta”, rematou.

Texto de Carol Banze
carolbanze@snoticias.co.mz

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