‒ vovó Celina Macuácua, natural de Homoíne
“Debater” a vida das pessoas é mesmo um exercício embaraçoso. As vovós do domingo não deixam nada escapar. Chega a dar um aperto no coração.
E cabe a vez às mulheres que se apresentam como de fina estampa pelos passeios das cidades de passarem por uma vistoria na lupa da vovó.
A vovó Celina Macuacua, natural de Homoíne e residente nos arredores da cidade de Maputo, posiciona-se à semelhança de um sniper (atirador de elite) e coloca o dedo num gatilho para acertar naquelas mães que, segundo ela, “atrapalham a toda a gente, de tanto luxo que ostentam: colocam extensões de cabelo, roupa e sapatos bonitos, mas em casa não conseguem sequer limpar o lugar onde dormem”, acusa.
Para ela, as aludidas “não são mulheres de verdade”, pois “ser mulher não se resume a andar enfeitada. Mulher que é mulher aprende desde pequena a cuidar de si, da casa, da família”.
Entretanto, vira também a sua atenção para aquelas mães que desenvolvem actividades comerciais, nos mercados formais e informais, para o sustento das suas famílias. Observa que algumas delas cuidam muito bem de si, mas se desleixam nos cuidados com as crianças em casa.
Mas, afinal, para quê trabalham? Questiona.
“Em primeiro lugar ‒ responde ‒ deviam trabalhar para dar tudo de bom aos respectivos filhos: roupa, escola e comida. Vejam que há mães que conseguem comer bacias cheias de salada e polonys nas bancas, na companhia das colegas, mas não deixam pão em casa para o filho matabichar antes de ir à escola. A vana ma pimu (não têm juízo)”, considera a vovó, “pois os nossos filhos devem ser a nossa prioridade. Somente o que resta dos nossos ganhos poderá beneficiar a nós, os pais”, posiciona-se.