Seu corpo e alma estão cedidos às artes. Quando entra em cena, combina a sensualidade feminina na dança e a pujança física no comando de xidzumana (batuque).Trata-se de uma estrela que resplandece e torna mais especial o Grupo Cultural Timbila do Conselho Municipal de Maputo. Falamos de mamã Júlia, como é conhecida nos palcos.
Quem vê Júlia Tchambe a brilhar em cena, nem de longe imagina como foi parar no mundo das artes. Seu caminho para o sucesso foi aberto ao responder a uma necessidadedo então Conselho Executivo, que pretendia recrutar pessoas para serem integradas na limpeza.
Júlia precisava de emprego e, para seu gáudio “dava-se prioridade a pessoas que soubessem dançar e às viúvas”.
Esta artista não desperdiçou a oportunidade e agarrou-se ao factível: “fui alistar-me, disse-lhes que sabia dançar, mas não era bem assim”, confessa.
Com alguma descrença em si, de forma nenhuma calculou que um dia arrastaria fãs pelo seu bamboleio estonteante, ao executar passos de dança, e apresentar um estilo único ao tocar um instrumento musical.
E tendo em conta que pediu emprego para limpar as ruas da cidade de Maputo, é mesmo caso para dizer que como varredora transformou-se numa excelente bailarina.
DA FAXINA AOS PALCOS
A vida artística de Júlia Tchambe desvelou-se a partir do momento que passou a cumprir, juntamente com alguns colegas da instituição, algumas horas de ensaio ao dia. “A partir de 2000 e tal (não se lembra ao certo) passamos a nos dedicar afincadamente à cultura, isto no Ntsinya (Centro Cultural Municipal localizado no bairro de Xipamanine). Aprendi a tocar o xidzumana, um batuque que funciona como o baixo e acompanha a timbila e o canto”, conta-nos.
É neste ambiente que a artista desabrochou. “Quando toco e danço meu sangue fervilha”. Júlia garante-nos que faz uma viagem por um mundo particular, onde levita a todo instante, até ao culminar do som.
De facto, o semblante desta mulher ilustra o poder da música e da dança. O poder das artes.
Ela conquista tudo e todos. Por onde passa o povo vibra; seu marido e seus onze filhos agradecem. Os vizinhos também. É o desempenho de uma filha que orgulha toda a nação.
Seus conterrâneos, originários de Inharrime, são alteados; a cultura dos machopes ganha notoriedade e atravessa vários lugares “Já viajamos para várias partes do nosso país e, também, para fora, China, Durban…”.
Este é o rosto de uma grande mulher que embeleza a nação moçambicana.
Carol Banze
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