Um dos textos mais prestativos que circulam no mundo das letras, da autoria de Paul Washer, indica que “uma das marcas do falso profeta é que ele vai falar o que você quer ouvir”. Ora, talvez seja esta a estratégia usada por alguns homens, vestidos de pastor, que desvirtuam as escrituras sagradas e cometem crimes de natureza sexual, sob alegação de que este é um dos caminhos para cura, para libertação. A verdade é que explicações colhidas pelo domingo indicam que, em situações de doença, apenas a título exemplificativo, “há uma diferença entre tocar e impor as mãos. A bíblia fala que, quando alguém está doente, chame o seu líder, o seu pastor. Ele vai impor as mãos sobre a cabeça do doente e não em qualquer outra parte do corpo”, diz Paulo Balango, pastor da Igreja Assembleia de Deus. Há, portanto, um limite nesta actuação, uma linha clara, porém cada vez mais quebrada por “satanás na pele de pastor”,conforme considera José Julião, crente da Igreja União Cristã.
Alguns casos desta natureza vêm sendo descobertos e até partilhados em forma de testemunhos, vídeos e áudios em redes sociais. A nossa reportagem, por seu turno, colheu breves relatos de duas adolescentes que não escaparam dos olhares e vontades maliciosas e criminais de líderes religiosos afectos às suas igrejas.
“Nina”, assim identificada nesta matéria, de 17 anos de idade, afirma que caiu nas graças de “um papá muprista. Ele disse, ‘minha filha, gostei de ti’. Prometeu-me dinheiro e um dia tirou do seu bolso mil Meticais para me dar, mas eu não aceitei. A minha mãe soube do problema, telefonou-lhe e disse que não tinha gostado do que ele tinha feito. Eu fiquei triste, muita coisa passou pela minha cabeça, não esperava isso dele”. O facto fez com que “Nina” mudasse de igreja, uma decisão tomada igualmente por “Marta”, outra vítima de assédio, também adolescente de 17 anos. Conta que o pastor pediu o seu número de telefone, depois “perguntou- -me se tinha WhatsApp”. Entretanto, certo dia, “Marta” precisou de aconselhamento do seu líder, e “isso acabou nos aproximando”. Foi nessas circunstâncias que o homem “de trinta e tal anos” avançou nas suas investidas: “Naquele momento, eu usava um telemóvel muito simples, ‘cansado’, e ele prometeu- -me um novo aparelho. A cada encontro, ele demonstrava interesse em mim, falava do meu corpo, tive medo e mudei de igreja”. Leia mais…
Texto de Carol Banze
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