Transportadores da rota Museu – Zimpeto, Zona Verde/Malhazine retomaram actividades na última quarta-feira depois de terem observado um dia de paralisação protestando contra o mau estado da via na Avenida do Trabalho nas próximidades do Mercado Malanga.
A decisão de retorno surgiu após o Conselho Municipal da Cidade do Maputo (CMCM) e a Associação dos Transportadores da Cidade de Maputo (ATROMAP) organizarem uma conferência de Imprensa conjunta na tarde terça-feira com o objectivo de apelar aos transportadores a regressarem ao trabalho, pois a população estava a ser prejudicada.
Enquanto a Avenida do Trabalho não é reparada nas proximidades do Mercado da Malanga, os chapeiros passam a usar, alternativamente, a via da antiga Brigada Montada, passando pela Avenida da OUA ou então a mesma Avenida do Trabalho mediante contorno da rotunda da Avenida 24 de Julho, rumo ao Museu ou à Zimpeto.
“Esta rota tem três alternativas, por isso chamo aos transportadores a porem a mão na consciência e procurarem uma destas vias até que o problema seja resolvido”, apelou Samuel Nhatitima, presidente da Associação dos Transportadores de Maputo.
Por seu turno a edilidade, na voz do director de Infra-estruturas, reconheceu que em algumas vias da cidade como Avenida Marginal, Avenida do Trabalho e algumas artérias da baixa da cidade de Maputo existem buracos. Sublinhou que o município de Maputo tem feito tudo no sentido de minimizar o problema.
No caso concreto da Avenida do Trabalho está prevista a substituição do material de drenagem e saneamento num troço de 120 metros para garantir o escoamento das águas negras, facto que ajudará na reabilitação da estrada futuramente.
PROBLEMAS
COM “BARBA BRANCA”
Transportadores de passageiros têm estado a paralisar ciclicamente as suas actividades em várias rotas da cidade e província de Maputo, como forma de pressionar as edilidades a intervirem nas vias esburacadas.
Aconteceu na rota T- 3/Benfica. Também no Costa do Sol. Já antes se registaram outras tantas paralisações. Nalguns casos, imediatamente, a respectiva edilidade reagiu e alguns troços problemáticos foram “remendados”.
O problema é que tais “remendos” foram sol de pouca dura. As estradas voltaram a exibir as suas crateras. Os “chapeiros” voltaram a paralisar as suas actividades com todas as consequências nocivas para os utentes.
A última “greve” foi protagonizada pelos transportes de passageiros que operam na rota Museu-Zimpeto, Malhazine e Zona-Verde, que paralisaram a actividade e se concentraram nas primeiras horas da manhã de terça-feira na EN1 zona de Inhagóia, em protesto contra o mau estado da Avenida do Trabalho, mais concretamente na zona do mercado Malanga.
Os transportadores alegam que aquela via está a contribuir para a degradação acentuada das viaturas na sua maior parte a serem pagas via leasing na banca. Segundo eles, buracos encobertos por águas negras estão a provocar danos nas suas viaturas.
RETORNO VIATURAS
DE CAIXA ABERTA
Quem sofreu com a paralisação foram os passageiros que se viram obrigados a recorrer às carinhas de caixa aberta para chegaram aos respectivos destinos.
Sabendo da situação que se vivia vários proprietários das carinhas concentraram por ali para tentar pôr cobro à situação, porém de forma inútil, visto que a oferta não superava a procura.
Mesmo com o reforço dos carros escolares que nas horas mortas se predispuseram a transportar passageiros a situação manteve-se complicada.
Recorde-se que a degradação das vias é um facto que tem servido de móbil para constantes paralisações dos transportadores semi-colectivos de passageiros nas cidades de Maputo e Matola. Recentemente foram os transportadores da rota Anjo Voador-Costa do Sol, a interromperam os trabalhos para protestarem contra o mau estado da via.
ESTADO DAS VALAS CONTRIBUI
PARA SURGIMENTO DE BURACOS
O director de infra-estruras no CMCM, Vidigal Rodrigues, disse que a instituição tem feito um esforço no sentido de ter as vias em condições de transitabilidade mas, as águas da chuva não ajudam. “Nesta época chuvosa tem havido muitos buracos devido às más condições de drenagem das vias”, disse Rodrigues.
Acrescentou que em algumas vias da cidade como Avenida Marginal, Avenida do Trabalho e algumas artérias da baixa da cidade têm surgido alguns buracos, porém o município vêm trabalhando para solucionar o problema.
Para exemplificar, o director explicou que na Avenida do Trabalho existe um problema de drenagem e saneamento que dificulta a intervenção de uma forma superficial, por isso está em marcha a substituição do colector num troço de 120 metros para garantir o escoamento das águas negras naquele troço. Posteriormente será feita o tapamento de buracos e resselagem do troço.
O município assume que esta é a principal razão da inquietação dos transportadores, porém apela à calma e solicita a colaboração em duas vertentes: utilização de rotas alternativas ou recolha de viatura até à reparação da via.
A obra de reabilitação da Avenida do Trabalho já foi adjudicada à um empreiteiro que deverá arrancar com os trabalhos nos próximos dias pelo que foi afastada qualquer hipótese de se iniciar com o tapamento rotineiro dos buracos sem que o problema de drenagem esteja resolvido.
Segundo Rodrigues a referida intervenção ao sistema de drenagem levará no mínimo 20 dias para que esteja solucionado.
Igualmente apelou aos munícipes que adoptem uma postura urbana abandonando o hábito de deitar lixo nas valas de drenagem, pois provoca obstrução do sistema.
EFEITO SMS
TRAMA ASSOCIAÇÃO
O efeito de uso de mensagens como forma de persuadir indivíduos a aderirem a uma paralisação está a ganhar forma na sociedade moçambicana e na cidade do Maputo em particular. As recentes paralisações nos transportes semi-colectivos de passageiros são prova disso, pois foi por essa via que alguns transportadores conseguiram mobilizar número considerável de viaturas a interromper a circulação dos carros na via Museu-Zimpeto.
O Presidente da Associação dos Transportadores da Cidade de Maputo, Samuel Nhatitima, reconheceu em conferência de imprensa que bastam duas ou três mensagens para que a paralisação esteja consumada.
Segundo Nhatitima os guias da greve geralmente imobilizam as respectivas viaturas na via pública e começam a espalhar as mensagens de paralisação e a medida que as outras viaturas se aproximam do local aderem por medo de represálias.
Nhatitima sublinhou que a associação se distancia desta paralisação, porque entende que existem outras formas de resolver o diferendo tanto é que tem estado em perfeita sintonia com as autoridades municipais encarregues da reabilitação das estradas.
“As paralisações são organizadas fora do controlo da associação e à nossa revelia. Conforme pôde-se verificar, nos transportes paralisados não atingiam nem metade do universo de 750 carros que operam por dia”, disse a fonte.
Assim sendo, Nhatitima atira a culpa para alguns transportadores que chamou de desonestos e agitadores porque tomam uma decisão sem terem coordenado com as autoridades responsáveis, proprietários e associação.