domingo traz relatos arrepiantes sobre o dia-a-dia das carrinhas escolares nas cidades de Maputo e da Matola. Utentes ‒ adolescentes e jovens ‒ revelaram que alguns motoristas destes transportes consomem bebidas alcoólicas, durante as horas de trabalho. E, para agravar a situação, metem-se em “casos de amor” com meninas, algumas menores de idade, chegando, inclusive, a engravidá-las.
Trata-se de uma verdadeira afronta às regras de trânsito e de funcionamento de uma sociedade. Conforme se vê, vidas são submetidas ao risco, contrariando expectativas de pais ou encarregados de educação, que vêem naqueles meios circulantes alternativa para o transporte dos seus dependentes, de casa para a escola e vice-versa.
Alguns factos dão conta de autênticas badernas às sextas-feiras lideradas por certos pilotos das escolares. Algumas dessas farras são realizadas nas barbas da escola, sob olhar relativamente pacífico das autoridades de ensino. O espaço contíguo à entrada da Escola Secundária da Matola é um desses pontos, conforme denunciou Valdemira, estudante, em conversa com o nosso jornal.
Ao que tudo indica, o facto procede, pois, a directora da referida escola, Elsa Silvestre, avançou que tamanho desconcerto levou a que, há aproximadamente um mês, a direcção optasse por participar o caso à esquadra: “fomos à 2.ª esquadra da Matola relatar os distúrbios que algumas carrinhas criam, sobretudo às sextas-feiras. Consubstanciam-se em música em volume alto, rallis de viaturas, consumo de bebidas alcoólicas, entre outras irregularidades”, enumerou.
O ambiente é semelhante a uma autêntica discoteca, com direito a “baile funk” de estoirar o tímpano, denunciou Valdemira. Acrescentou que as sessões são normalmente rápidas, mas suficientes para ensaiar alguns passos de dança e consumir bebidas alcoólicas em quantidades de tirar a sobriedade de qualquer um.
Falou também da troca de carícias entre os ocupantes das carrinhas, com a participação do mais velho do grupo, o motorista. Na verdade, ali “faz-se de ‘tudo’ (relações sexuais) dentro do carro”, revelou a jovem.
O impacto desses ajuntamentos leva a que “núcleos” de amizade sejam formados. São grupos que partilham o gosto pela aventura e, sobretudo, por um bom “groove”. Por aqui, estreitam-se amizades, que terminam aos pares, “entre menino e menina; adulto (motorista) e criança”, disse. No último caso, eleva-se a suposta vítima/utente ao posto de “rainha” da carrinha escolar, a dona do coração do piloto.
Facto preocupante é que naquelas lides existem rainhas em números de assustar. Para sustentar esta ideia, ao testemunho de Valdemira, juntamos o de Ana, outra estudante que conversou com o nosso jornal. Ela falou da relação de uma colega de carrinha, aluna da Josina Machel, com o senhor motorista. Leia mais…
TEXTO DE CAROL BANZE
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