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Assaltantes tiram sono à população de Nacala

Por admin

Munícipes da cidade portuária de Nacala, província de Nampula, estão a enfrentar onda de criminalidade que está assumir contornos alarmantes. Por dia são reportados entre três a cinco assaltos, alguns protagonizados na via pública, outros em estabelecimentos comerciais, outros ainda em residências.

Os executores destes crimes são na sua maioria jovens com idades que variam entre 18 a 30 anos. Os mesmos andam em grupos compostos por 5, 10 ou 15 elementos, alguns munidos de armas de fogo, outros com catanas, faca, picaretas, entre vários materiais contundentes.

Residentes daquela cidade explicam que quando os meliantes atacam um estabelecimento ou uma residência, primeiro bloqueiam a vizinhança ou os acessos do sítio, enquanto os outros integrantes executam os seus intentos.

Em muitos assaltos eles fazem transportar-se em viaturas para facilitar a evacuação dos produtos roubados o mais rápido possível. 

Ninguém sabe ao certo da sua proveniência. Mas, há quem diz que são grupos formados entre jovens daquela cidade às vezes com participação de outros provenientes de outras partes do país.

Aliás, facto confirmado à nossa Reportagem pelos residentes deu-se recentemente quando um empresário chinês, que fazia a viagem Nacala- Nampula, foi interpelado nas proximidades da Barragem de Nacala.

No total eram quatro bandidos. Começaram a segui-lo a partir da cidade de Nacala e quando passaram o controlo policial tentaram bloqueá-lo. Mas quis o destino que no esforço de assaltá-lo, o carro dos bandidos cabotou. No local dois perderam a vida. Outro foi atingido mortalmente numa perseguição policial, encontrando-se um indiciado a monte.

A nossa Reportagem sabe que os finados viviam no bairro Mocone, na cidade de Nacala, enquanto os outros dois deslocaram-se àquela cidade para executarem a “operação”.

Um dos vizinhos da família dos criminosos contou ao domingo que dias antes do incidente estiveram reunidos na casa da mãe de um destes onde passaram as refeições do dia.

Em jeito de brincadeira, um deles disse: mãe prepara boa comida para nós. É possível não nos ver mais. E no dia seguinte três perderam a vida no local e outro não sei como terminou, disse um dos munícipes.

DESESPERO

Agentes económicos, sobretudo os pequenos empreendedores, estão desesperados porque não sabem o que o futuro lhes reserva. A situação é mais complicada porque maior parte destes trabalham com dinheiro ou produtos emprestados.

Iamusse Mussa é proprietário dum estabelecimento comercial que se dedica à venda de pneus, bicicletas, peças para motorizadas e recargas para telemóveis. Contou à nossa Reportagem que cinco bandidos, munidos de catanas, invadiram o seu estabelecimento as 2: 00 horas de madrugada.  

Amarraram o seu guarda, colocaram-no farrapos na boca e vendaram a cara.

De seguida pisaram a porta da loja e mandaram o dono acordar. Sem demorar exigiram dinheiro.

Eu disse que não tinha. Um dos criminosos disse grosseiramente: tira dinheiro! Pensa que viemos brincar? Enquanto isso me batia com catana na minha testa. Ali vi que a coisa estava complicada. Tirei 42 mil meticais, que era para comprar mercadoria, e entreguei, disse.

O nosso entrevistado acrescentou que mesmo assim os bandidos não ficaram satisfeitos com o montante recebido. Vasculharam todas as gavetas e levaram quatro telefones celulares, destes dois do proprietário, um do guarda e outro da loja, para além dum valor monetário não especificado da receita do dia e algumas recargas.

Quando sentiram que não havia mais dinheiro, começaram a transportar os pneus. Foi nessa altura que aproveitei fugir e pedir socorro. Apareceu minha família e me levou para hospital,disse.

Por sua vez, Leonardo Chale, proprietário dum estabelecimento comercial que se dedica à venda de produtos alimentares e de limpeza, conta que os assaltantes que chegaram no seu estabelecimento estavam munidos de picaretas e catanas.

O guarda quando se apercebeu da presença deles correu em direcção a casa do patrão enquanto pedia socorro.

Os meliantes arrombaram a porta da sua barraca e retiraram 30 mil meticais, sete sacos de farinha trigo, cinco sacos de arroz, 16 baldes de óleo e cinco bidões de óleo.

Estamos mal, já não há segurança. Imagine. Só naquela madrugada assaltaram três estabelecimentos nesta zona. Ainda não conseguimos identificá-los, mas os meus colegas que também foram assaltados seguiram o carro. E quando estes se aperceberam que estavam a ser seguidos abandonaram o carro levando alguns bens que tinham roubado, explica.

POLÍCIA CUMPLICE  

A população da cidade de Nacala acredita que em muitos assaltos executados naquele município a Polícia de Protecção local é cúmplice. A acusação vem na sequência do comportamento estranho dos agentes da polícia quando são chamados para intervir.

Segundo os munícipes a Polícia não atende chamadas telefónicas. Contudo, quando a população apanha os bandidos, não tarda aparecer uma equipa da Polícia mesmo sem ser chamada.

A outra situação que deixa a população desconfiada relaciona-se ao tempo que os agentes da Polícia levam para erguerem as suas residências, atendendo ao salário que estes auferem. Os munícipes revelam que muitos destes conseguem construir, por exemplo, uma casa do tipo 3 num período de um mês.

“NÃO HÁ DENÚNCIA”

O Comandante Distrital da PRM em Nacala, Duarde Laqueliva, em poucas palavras, disse que desde que foi indicado para aquele cargo, no presente semestre, nunca recebeu uma denúncia que dá conta do envolvimento de um elemento da sua corporação em actos assalto, corrupção, entre outros.

Para Laqueliva a melhor forma para fazer face à esta situação é apontar os nomes dos agentes envolvidos.

Quero acreditar que a população conhece os nomes desses agentes que semeiam terror nas comunidades. Então que venham nos falar para tomarmos medidas adequadas. A continuar assim não vamos solucionar o problema. Neste momento estamos preocupados com raptos e a caça dos albinos,disse.

Abibo Selemane

habsulei@gmail.com

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