“O trabalho do revisor não se limita apenas a questões linguísticas. A profissão requer, também, muita atenção, paciência, humildade, capacidade de ouvir o articulista e ‘engolir sapos’”. Palavras de Pedro Adelino Chemane, revisor linguístico do semanário domingo. É filho da primeira técnica moçambicana de oftalmologia a trabalhar na província de Inhambane, e “em muitos momentos busco inspiração nela”. Entrou para a Sociedade do Notícias em 2008, como revisor. Confessa que “não foi um amor à primeira vista, aprendi a amar a profissão que abracei por causa de circunstâncias da vida”. Iniciou a formação superior na Universidade Pedagógica, frequentando o curso de ensino da língua portuguesa; depois formou- -se em Direito, pela Universidade Eduardo Mondlane, e espera, “se Deus quiser”, fazer mestrado em antropologia jurídica.
Podemos chamá-lo de “cirurgião” linguístico?
Prefiro dizer que sou guardião da língua e, nessa qualidade, acabo sendo também “cirurgião” da língua, porque vezes há em que tenho mesmo de cortar, causando dor no articulista que acha que o que escreveu está correcto.
Já ficou “doente” de tanto tratar da produção textual dos outros?
… e como, mas depois passa. Às vezes, chega ao revisor um amontoado de palavras ao qual deve dar sentido. Mas, à medida que crescemos profissionalmente, os focos de dores de cabeça diminuem, porque ficamos mais calejados. Um dos grandes desafios actuais vem das redes sociais, pois alguns tendem a transferir a linguagem “watsapiana” para a formal. Temos também os “brasileirismos”. Preocupante, igualmente, é o novo acordo ortográfico, ao qual, infelizmente, Moçambique ainda não aderiu. Isto cria uma confusão linguística terrível e causa ao revisor grandes dores de cabeça. Felizmente, as bases linguísticas são sólidas, por isso não fico abalado. Leia mais…
TEXTO DE CAROL BANZE
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