O Presidente sul-africano Jacob Zuma discursou em 11 línguas e recordou como o primeiro presidente negro do país lançou as bases para “uma vida melhor para todos”. Falando no estádio FNB de Joanesburgo, onde decorreram as cerimónias fúnebres do falecido antigo chefe de Estado Nelson Mandela, Zuma afirmou: “não há ninguém como Madiba. Ele era único”.
Apesar da chuva, milhares de pessoas dirigiram-se, terça-feira, ao célebre FNB Stadium para homenagear este estadista de envergadura mundial. Milhares de guarda-chuvas acrescentaram cores às canções e às danças da multidão que encheu o estádio de 80 mil lugares, onde estiveram presentes Chefes de Estado e de Governo dos quatro cantos do mundo.
Entretanto, diante dos convidados, Zuma foi vaiado. Ele está implicado no escândalo “Nkandlagate” no qual foi acusado de ter gasto 20 milhões de dólares americanos do contribuinte para renovar a sua residência privada.
Pelo contrário, o seu predecessor à frente do Estado sul-africano, Thabo Mbeki, e o predecessor de Mandela neste cargo, Frederik Willem de Klerk – o último presidente branco do país – foram muito ovacionados.
Cyril Ramaphosa, vice-presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder, convidou a multidão à calma e a respeitar o legado de Madiba guardando a cortesia.
“Temos de mostrar a mesma disciplina que emanava de Mandela”, disse Ramaphosa, um companheiro do falecido presidente.
A emoção era palpável quando a ex-esposa de Mandela, Winnie Madikizela-Mandela, abraçou Graça Machel, viúva do Presidente moçambicano Samora Machel, que se tornou a esposa de Madiba. Beijaram-se como mandam as normas da tradição local. As duas mulheres estavam ao lado de Mandela quinta-feira, dia da sua morte.
ÚLTIMO GRANDE
LIBERTADOR
O presidente norte-americano, Barack Obama, homenageou o ícone mundial manifestando a honra que sente ao vir à África do Sul “para celebrar uma vida sem igual”.
“Pessoas de todos os horizontes (e) o mundo inteiro agradecem-vos de terem partilhado Mandela connosco. A sua luta era a vossa luta. O seu triunfo era o vosso triunfo”, disse Obama a milhares de sul-africanos reunidos, terça-feira, no célebre FNB Stadium para homenagear Madiba, nome afectuoso de Mandela.
Num discurso fascinante de 20 minutos, Obama recordou como Mandela, que nasceu durante a Primeira Guerra Mundial, se tornou o “último grande libertador do século XX”. Madiba foi o primeiro chefe de Estado negro da África do Sul.
O primeiro Presidente negro dos Estados Unidos da América, filho de pai queniano e de mãe americana, sublinhou que Mandela utilizou os seus 27 anos de prisão para aprender a língua e os costumes dos seus opressores.
“Mandela ensinou-nos o poder da acção e o poder dos ideais, a importância das razões e dos argumentos. Ele entendeu que os ideais não podem ser retidos entre os muros de uma prisão”, prosseguiu Obama.
O Presidente norte-americano comparou Mandela a Gandhi, a Martin Luther King e a Abraham Lincoln, antes de convidar o mundo a fazer viver a herança de Madiba lutando contra a desigualdade, a pobreza e o racismo.
Para ele, Madiba ganhou um lugar na história graças à luta. “Amámos-lhe tanto (…). Ele era um homem de carne e osso, um filho e um marido (…). Por isso podemos aprender muito com ele", acrescentou Obama, que foi muito ovacionado.
Dilma Rousseff, num discurso emotivo em Português, destacou o “combate de Mandela e do povo sul-africano” e afirmou que este se tornou um “paradigma para todos os que lutam pela justiça, liberdade e igualdade.”
A presidente do Brasil saudou a forma como o herói da luta contra o “apartheid” foi uma "inspiração" para homens e mulheres e como deu lições para “a paz no mundo e a justiça social. Viva Mandela para sempre!”, rematou Dilma.