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Celebrar cercado de desafios

Por admin

Assinala-se hoje o 1º de Maio, dia Internacional do Trabalhador. Os trabalhadores de todo o mundo voltam hoje às ruas, avenidas e praças para manifestar-se pelos direitos ao emprego seguro e digno, salários à altura do custo de vida, contratos firmes, enfim, pelo respeito por quem produz o capital que os empregadores tanto procuram.

Aqui no nosso país, escas­seiam motivos para festas de arromba porque o ano em curso não parece ter vontade de oferecer confor­to a ninguém. A seca desfez o sonho dos camponeses e criadores de gado na zona sul e parte do centro do país. As chuvas causaram estrados em partes do centro e norte.

Depois tem um bando errante de homens que, de forma deliberada e até marginal, vai semeando o terror nas províncias de Sofala e Manica ale­gadamente porque pretende governar onde ganhou as eleições, coisa que nunca coube na cabeça de ninguém.

Aliás, o pior inimigo da economia nacional é mesmo este caso de tiro aqui, tiro ali, contra pessoas e bens que procuram dinamizar a economia escoando a sua produção daqui para ali. Enquanto uns procuram produzir para devolver a vibração à economia, há quem está encavernado algures a mandar cortar estradas e a inviabi­lizar o desenvolvimento daqueles a quem diz que pretende governar.

A este caso se junta o fortaleci­mento da economia americana que trouxe consigo um dólar tão forte que nenhuma moeda lhe consegue fazer face. O metical, então, começou a derrapar em meados do ano passa­do e a Associação Moçambicana de Economistas (AMECOM) até mandou chamar a todos os seus associados para procurar pensar em possíveis saídas, debalde.

A verdade é que com um país incapaz de produzir porque tem ho­mens armados que impiedosamente desmotivam e assustam os produto­res e investidores, a economia tende a seguir em “retaguarda” e quase sempre na contramão das necessida­des da população.

Pior do que isso, os preços das principais matérias-primas que o país exporta caíram tanto que, o pou­co que sai, parece estar a ser dado de borla. O nosso jornal noticiou que a China praticamente deixou de im­portar a madeira nacional porque o seu mercado está abarrotado. Não dá para mais nenhum toro, prancha ou barrote. Por causa disso, as em­presas madeireiras estão fechadas.

O preço do carvão mineral é aquele que caiu de 150 dólares por tonelada para menos de 50 dólares em poucos meses. O gás natural que poderia salvar a honra da economia nacional também tem o preço a roçar o chão. O alumínio idem. Também tem o turismo que não dá sinais de vida porque os principais “consumi­dores” tem medo dos homens arma­dos.

Para complicar as contas de to­dos, os preços dos produtos básicos andam para lá das nuvens porque não choveu como devia. Aqui a mais e lá a menos. Como o metical anda mal das pernas, importar se tornou um exercício tão delicado que poucos se arriscam a fazê-lo e, esses poucos gastam mais meticais para comprar a mesma quantidade de mercadoria que adquiriam há mais de um ano.

Mesmo assim, a celebração do 1º de Maio no nosso país será marca­da por marchas em todas as capitais provinciais e em sedes distritais com dísticos que apelam ao diálogo e a manutenção da paz, cessar do con­flito armado, melhores condições de trabalho, salários justos, entre outros.

As cerimónias centrais das ce­lebrações terão lugar na capital do país, Maputo, sendo replicadas nas capitais provinciais e nas sedes dis­tritais com número significativo de população assalariada, sob o lema “OTM – CS 40 anos na Luta pelos Di­reitos e Interesses dos Trabalhado­res”. Espera-se que mais de 30 mil trabalhadores, de Maputo, partici­pem do desfile.

Jorge Rungo
jorge.rungo@snoticicas.co.mz

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