Os moçambicanos nunca estiveram tão atentos a um julgamento. Os mediáticos casos “BCM” e “Carlos Cardoso” poderiam fazer o desempate, mas perdem por larga margem pelo facto de terem ocorrido nos primórdios da propagação das redes sociais. Tudo o que agora se move na tenda montada no Estabelecimento Penitenciário de Máxima Segurança, mais conhecivo por cadeia da “BO”, é objecto de um minucioso escrutínio da sociedade.
O país está “literalmente parado” a observar com redobrada atenção ao que ali se passa.
É que está na berlinda a discussão do destino que foi dado a mais de dois biliões de dólares, parte dos quais repartida entre os réus presentes em tribunal e uma grande quantia desaparecida sem deixar rastos. A expectativa generalizada é de que um dos réus “bata com a língua nos dentes” e permita que a sociedade saiba onde esse dinheiro está e à guarda de quem.
Recorde-se que foi o sumiço deste dinheiro que deu origem às chamadas “dívidas não declaradas” que empurraram o país para uma crise financeira e de relacionamento com várias instituições financeiras internacionais que apoiavam o Orçamento do Estado e vários programas de desenvolvimento nacional.
Por causa disso, crianças, jovens e adultos esboçam as suas sentenças antecipadas e debatem com frenesim as respostas, estilos e modos dos réus até aqui ouvidos e encantam-se com a colocação das perguntas do juiz Efigénio Baptista e, sobretudo, com os momentos de descontracção que este oferece que quase sempre culminam com risadas à bandeiras despregadas, inclusive dos próprios réus.
É que o juiz entende que as audiências de julgamento não devem ser chatas para serem sérias, pelo que faz com que quem acompanha a evolução do processo se deleite com algumas gracinhas que muitas vezes culminam com declarações inesperadas dos réus que se transformam em confirmações do que consta nos autos do processo. Leia mais…