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10.ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE QUADROS: Sob o signo da coesão interna

Por admin

·  Frelimo reunida traça as linhas orientadoras rumo ao XI Congresso e futuras batalhas pelo desenvolvimento integrado do país

Termina amanhã, na província de Maputo, a 10ª Conferencia Nacional de Quadros do Partido Frelimo, evento que reuniu pouco mais de 3000 participantes nacionais e convidados estrangeiros. Durante três dias, a Frelimo debruçou as suas atenções sobre actualidade nacional e as teses que irão dar corpo ao próximo congresso do partido no poder.

Dirigida  pelo Presidente do Partido Frelimo,  Filipe Nyusi,  a reunião teve um início auspicioso, com vários grupos culturais a darem a sua contribuição através de danças como makwaela, xigubo e tufo. Os continuadores da revolução, os jovens da OJM, as mamanas da OMM e os eternos combatentes da ACLIN, também apresentaram as suas moções a favor da liderança e dos planos de desenvolvimento do partido.

Os continuadores, na sua missiva, voltaram a apelar de forma viva, a necessidade urgente da paz para que possam crescer em pleno usufruto dos seus direitos. A OJM gritou bem alto que está preparada para enfrentar todos os desafios tendentes ao desenvolvimento do país. A OMM reiterou o seu compromisso na luta contra a pobreza. A ACLIN voltou a encorajar o presidente da república Filipe Nyusi a dedicar todas as suas energias para garantir que o povo moçambicano possa usufruir da paz a que tem direito.

Contundentes, os antigos combatentes condenaram a Renamo pela desestabilização e lembraram que as eleições  de Outubro de 2014 eram gerais e não provinciais, pretexto defendido pelo partido de Afonso Dhlakama. Reclamaram também a quota que cabe aos antigos combatentes nos ciclos decisórios do partido.

QUEREMOS PAZ SIM

O Presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, na sua intervenção, foi bastante claro quanto à necessidade de uma maior coesão entre os membros do partido, sobretudo nesta altura em que há uma mudança geracional na condução dos destinos do país.

“O Partido sempre se caracterizou por uma capacidade enorme de adaptação, fruto da democracia interna, da autocrítica, do espírito de entrega à causa nacional. A Frelimo reúne o maior e melhor naipe de quadros deste país e por isso tem responsabilidades acrescidas”, disse o timoneiro da Frelimo.

Acrescentou que o país vive um momento particularmente difícil, muito por conta da desestabilização movida pela Renamo e pelo alto custo de vida, factores que devem merecer a atenção de todos moçambicanos.

Queremos a paz sim; queremos a paz, repetiu antes de dizer “que essa paz não pode ser conseguida a qualquer preço. A tarifa está na Constituição da República e não se pode permitir que a Renamo, de forma ignóbil continue a matar os sonhos de milhares de moçambicanos.”

Ladeado, de um lado, pelo Secretário do Partido, Eliseu Machava, por outro, pelo veterano da luta armada Alberto Chipande, Filipe Nyusi, disse que os factores exógenos ao partido que atentam contra os planos de desenvolvimento do país devem ser denunciados e combatidos por todas as forças vivas da sociedade: “Os programas de desenvolvimento só podem resultar se todos estivermos focados nos mesmos objectivos.”

O presidente revisitou a história para lembrar que“desde a sua fundação, a Frelimo vem trabalhando na busca da paz, esse bem precioso que os moçambicanos devem acarinhar e consolidar para que possam construir uma sociedade de justiça social”.

Com efeito, prosseguiu Nyusi, em 1974, assinou os Acordos de Lusaka. A Frelimo, através do seu Governo, assinou ainda os acordos de Nkomati, em 1984, Acordos Geral da Paz, em 1992 e Acordo de Cessação das Hostilidades Militares em 2014, para estabelecer o clima de paz e tranquilidade para o país”.

Para além do XI Congresso que se avizinha, Filipe Nyusi lembrou aos correligionários que “em 2018 teremos eleições autárquicas e em 2019 as eleições gerais e a única alternativa que tem a Frelimo é ganhar as eleições, para o que é preciso trabalhar de forma dura e organizada.

Alertou para os perigos do triunfalismo que pode levar ao colapso e “é importante não perdermos de vista a missão que temos de levar o país a patamares de desenvolvimento”.

Filipe Nyusi disse ainda que“a Frelimo reconhece que a partilha de ideias e de oportunidades é elemento que sustenta a cultura de paz, porque as boas ideias não têm cor política nem partidária; por isso, a Frelimo defende a promoção do uso de uma linguagem de paz na vida familiar e no funcionamento das instituições”.

AVANÇAR COM SEGURANÇA

O gabinete Central de Preparação do XI Congresso apresentou à 10ª Conferência Nacional de Quadros, a proposta de Teses resultantes do cruzamento dos estatutos e programas do partido, resoluções e declarações do Comité Central, discursos do Presidente da Frelimo e Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, contribuições de quadros e militantes do partido e as recomendações do Gabinete Central de preparação do encontro magno.

A reunião dos membros do Partido Frelimo decorre na Escola do Partido, no Bairro de Hanhane, com o objectivo de debater questões urgentes ou de importância fundamental da vida do partido e do país e produzir subsídios para o enriquecimento do projecto de Tese ao XI Congresso.

Para o seu estudo, foram constituídos 25 grupos liderados por algumas figuras de proa do partido, exemplos de Joaquim Chissano, Margarida Talapa, Verónica Macamo, Conceita Sortane, José Pacheco, Luísa Diogo, Eneas Comiche, Pascoal Mocumbi, entre muitos outros.

As teses para o Congresso são: Unidade Nacional, Paz, Democracia e Reconciliação Nacional; Organização e Funcionamento do Partido; Desenvolvimento Económico – Social; Estado, Descentralização e Ética Governativa e Cooperação Regional e Internacional.

As teses discutidas em grupos de trabalho defendem, entre outros aspectos que, a Frelimo é por um estado democrático, unitário, de direito, justiça e equidade social, que garanta as liberdades fundamentais do cidadão e propicie o desenvolvimento do país.

As teses defendem, igualmente, o reforço das relações externas, que promovam a paz, a segurança na região, África e no mundo, bem como a solidariedade internacional.

Nas suas teses, o partido Frelimo defende ainda que o contacto directo com as populações e com as bases do partido é um método indispensável para o fortalecimento dos seus órgãos aos mais diversos níveis e para a consolidação da sua inserção no seio das comunidades, auscultando os anseios do povo e interagindo com as comunidades.

Noutro desenvolvimento, reconhece que apesar do crescimento que se verifica, a nossa economia ainda tem enormes desafios derivados da fraca base produtiva, do nível de consumo que ainda está acima da capacidade interna de produção, das secas e cheias que assolam o país e do nível de endividamento externo.

Aponta algumas soluções como por exemplo a investigação e extensão agrária, bem como a expansão da mecanização agrícola, criação de centros de prestação de serviços em todos os distritos, de forma a apoiar os camponeses e os pequenos produtores bem assim o aumento das áreas de produção.

As propostas ora em debate irão corporizar aquilo que serão as linhas de orientação da governação nos próximos anos, bem como criar as necessárias bases para os próximos pleitos eleitorais.

A arrogância da Renamo preocupa-nos deveras

– Margarida Talapa, chefe da bancada parlamentar da Frelimo

Margarida Talapa disse que na apresente reunião da Frelimo, tal como em outras, haverá uma análise aberta e franca de diversos assuntos. Daí que são esperadas muitas contribuições que irão nortear o futuro do país nos próximos cinco anos. “Na verdade pretendemos preparar as tesesao XI congresso que servirão de linhas deorientação para a elaboração do programa dopartido”, disse Talapa, para destacar que “vamosdebater assuntos tais como a Unidade Nacional,Paz, a Reconciliação Nacional, a Boa Governação,o Partido, entre outros, mas só maistarde o Comité Central decidirá se podem serou não teses”.

Acrescentou que "também nos preocupam as atitudes arrogantes da Renamo, que põem em causa o nosso desenvolvimento. Não se pode falar de desenvolvimento sem a paz e unidade nacional. A consolidação destes dois elementos é fundamental", disse.

Devemos difundir a paz

– Carlos Mussanhane, delegado à Conferência

Falando à nossa equipa de Reportagem, Carlos Mussanhane afirmou que na 10.ª reunião de quadros da Frelimo serão discutidos vários assuntos de pertinência nacional com particular destaque para a paz e o progresso nacional. “Cada um de nós deve apresentarideias importantes para que Moçambiqueseja uma referência incontornávelno concerto das nações”, disse.

Acrescentou que, “após o término desta reunião, cada uma das delegações aqui presentes deve difundir, em sua localidade, mensagens sobre uma paz que assenta no respeito pela soberania e respeita as escolhas do povo, com vista a garantir que qualquer resultado que se pretende alcançar seja fruto do trabalho pragmático que cada partido político tenha conquistadojunto da base.”

Uma reunião concorrida

– Mário Machungo, membro sénior da Frelimo

Por seu turno, Mário Machungo, que já desempenhou muitas funções partidárias e tarefas nos sucessivos governos da Frelimo, disse quando interpelado pelo nosso jornal: “Esta é uma reunião na qual vamosdiscutir assuntos pertinentespara que possamos chegar ao XICongresso com muitos dos problemasque apoquentam a nação resolvidos.Para além de que há umaparticipação massiva facto quepode ser um sinal de que teremosgrandes contribuições.”

Convidamos outros partidos

– António Niquice, porta-voz da Frelimo

Esta é uma oportunidade de aprofundarmos os documentos estratégicos que foram já abordados nas células, nos comités de círculo, zonas, distritos e províncias. Pretendemos ainda que com este processo a Frelimo continue aquela força política que se inspira no povo. Convidamos partidos políticos da oposição, tendo em conta que boas ideias não têm cores partidárias”, disse António Niquice.

Acrescentou ainda que também "iremos discutir a vida do partido, sua natureza, a descentralização e colher elementos diversos que vão guiar sobre como podemos aumentar a produção e a produtividade com vista a reverter a balança de pagamento para conseguir que o país produza mais e gere recursos e alimentos para a auto-suficiência e segurança alimentar para o nosso povo".

Texto de Belmiro Adamugy e Maria de Lurdes Cossa

Fotos de Carlos Uqueio

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