O Governo português anunciou esta amanhã, em Lisboa a criação e/ou revitalização de iniciativas de apoio financeiro à retoma do sector empresarial luso-moçambicano afectado pelos ciclones Idai e Kenneth, nas regiões Centro e Norte de Moçambique, no início deste ano.
A informação foi prestada na abertura do Fórum Empresarial Portugal-Moçambique, cerimónia dirigida pelo Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, acompanhado pelo Primeiro-Ministro português, António Costa.
Um dos fundos foi criado ainda ontem, sob gestão do Instituto de Camões e que compreende um montante de 1,2 milhão de euros, dos quais 600 mil do Orçamento do Estado português e 500 mil de parceiros de cooperação. Ainda ontem o valor subiu em 300 mil dólares
Estão igualmente mobilizados fundos do Investimoz, no valor de 16,1 milhões de euros para apoio a empresas de direito moçambicano ou portuguesas afectadas pelas cheias, além da aprovação do primeiro projecto, ao abrigo do recém-criado compacto lusófono que se traduz na constituição de garantias para a concessão de crédito bancário a pequenas e medias empresas moçambicanas de cerca de 30 milhões de euros.
Outra iniciativa é a dinamização dos fundos da cooperação portuguesa, no montante de 11 milhões de euros, de modo a torna-lo mais operacional para apoiar a reconstrução e a recuperação económico, instrumento que se junta a uma linha do Banco Europeu de Investimento no valor de 12 milhões de euros destinado aos países da África Caraíbas e Pacífico (ACP) de que Moçambique é elegível.
Ao dirigir-se ao Primeiro-Ministro português e aos participantes do fórum empresarial, Filipe Nyusi explicou que diferentes razões ditaram a redução das trocas comerciais entre Portugal e Moçambique, com um défice para a parte moçambicana devido à queda dos preços das principais matérias-primas no mercado internacional, associada à sua exportação em bruto.
Foi neste contexto que Filipe Nyusi referiu que as boas relações de amizade e solidariedade prevalecentes entre Moçambique e Portugal precisam de serem alimentadas com acções concretas nas áreas económica e empresarial.
“Precisamos de garantir um fluxo elevado e permanente na actividade comercial, porque ninguém vive da diplomacia. Ouvi os apoios de Portugal para o projecto de reconstrução pós-ciclone e estes apoios acontecem porque Portugal está economicamente robusto. Já é momento para a diplomacia comercial estar em peso para resolver todas as preocupações que existem entre os nossos países”, explicou Filipe Nyusi, convidando os empresários portugueses a investirem em Moçambique por ser uma economia promissora, até porque apesar dos constrangimentos de vária ordem continua a crescer a ritmo satisfatório.
Intervindo na mesma ocasião, o Primeiro-Ministro portuguêsAntónio Costadisse que as empresas e a sociedade civil portuguesa têm estado a demonstrar um grande sentido de responsabilidade e solidariedade aos se esforçarem para apoiar a reconstrução das áreas afectadas pelos ciclones.
“Os diferentes mecanismos de apoio criados por Portugal atribui importância particular às empresas”, disse António Costa para quem os próximos anos são, a par dos esforços de reconstrução, de promessa e oportunidade, tendo em conta os projectos de exploração de gás natural.
Portugal é o quinto maior investidor estrangeiro em Moçambique no período 2014-2018, altura em que foram registados projectos no valor de 510 milhões de dólares norte-americanos, com potencial para a criação de 14 mil postos de trabalho para moçambicanos nas áreas de energia, construção, indústria e turismo.
Texto de António Mondlhane, em Lisboa