Esta plataforma, que reúne anualmente a nível de chefes de Estado, semestralmente a nível ministerial, e já em acção a nível técnico, tem todas as condições para vincar e alavancar as economias dos dois países através da implementação de vários projectos de interesse e benefício comuns.
Conscientes de que não basta tomar decisões, é preciso implementá-las, os dois estadistas orientaram os seus governos no sentido de trabalharem para produzir resultados que tenham impacto na vida dos povos, observando todos os mecanismos de monitoria e avaliação.
Nyusi e Zuma querem que os executores, governantes no caso vertente, redobrem esforços para garantir que as decisões tomadas sejam executadas com celeridade e produzam resultados tangíveis com impacto na vida das populações.
A orientação dada publicamente aos ministros ligados às áreas de energia, força motora para o desenvolvimento, para desencadearem acções concretas, até extraordinárias nas palavras de Zuma, para viabilizarem projectos energéticos de interesse comum, com recurso a todas fontes de geração de energia, cristaliza o cometimento dos estadistas.
Éque sem energia não há desenvolvimento e a energia que se pretende não é apenas para a iluminação pública, mas sim para investimentos, para alimentar grandes indústrias e outros mega-projectos.
“Precisamos de diversificar as fontes de energia não só para iluminação, mas para investimentos”, disse o Presidente Nyusi, que defendeu a aposta nas energias renováveis a partir do gás natural.
“Decidimos que os nossos ministros de energia tem de fazer coisas extraordinárias para garantir que coordenemos os nossos esforços energéticos… Moçambique tem feito descobertas de energia. É uma questão de como fazermos, é uma matéria prioritária nas nossas agendas”, disse Zuma.
Os ministros ligados ao sector deverão equacionar todos os tipos de energia (hídrica, térmica, de gás natural e de carvão mineral) e renovável, partilharem conhecimento e experiências, e ainda avaliar alternativas de financiamento para a execução de projectos de geração e transporte de energia.
A África do Sul, maior economia da região e do continente, atravessa uma grave crise energética, défice que afecta outros países da região como Zâmbia, Zimbabwe, Malawi, Tanzânia e Botswana. A gravidade da situação é de tal ordem que afecta as indústrias, em particular a mineira, pilar da economia, e condiciona a própria iluminação pública e sujeita a restrições no seu fornecimento.
O clima de confiança das lideranças, a urgência em actuar rápido no desenvolvimento acelerado das economias e a abertura da África do Sul patente nas declarações de Zuma em viabilizar projectos comuns, abre caminho para Moçambique viabilizar projectos de geração de energia, entre os quais a barragem de Mpanda N’kua, à jusante da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB).
O Presidente moçambicano, que co-presidiu a primeira sessão da Comissão Binacional, juntamente com o seu anfitrião sul-africano, no emblemático “Union Buildings” (Palácio Presidencial), em Pretória, capital política, deixou clara a sua determinação: “estamos aqui para tornar realidade a diplomacia económica”.
Para Nyusi, a boa cooperação politico-diplomática existente entre os dois países que partilham história, fronteira, laços socioculturais, impõe-se acrescer a musculatura económica, removendo todo o tipo de desconstrução e obstáculos que possam surgir.
“É nossa esperança que manifestações que ensombram este desiderato comum sucumbam perante o excelente nível das nossas relações”, disse o estadista moçambicano, acrescentando que“a nossa sobrevivência impõe a conjugação de sinergias na procura de soluções conjuntas para desafios comuns”.
Nyusi entende que a decisão de lançar a Comissão Binacional, plataforma preponderante para monitorar, avaliar e dinamizar a cooperação bilateral, vai impulsionar o rápido desenvolvimento económico e social dos dois países. Para Zuma, a mesma é estratégica e vai criar ímpeto na implementação dos acordos.
Moçambique e a África do Sul partilham uma história secular comum na luta pela liberdade e juntos consentiram sacrifícios, incluindo derramamento de sangue, em particular Moçambique que desempenhou um papel na luta pela libertação da África do Sul do regime do Apartheid. (AIM)