Beira despertou sob sons das assobiantes “vuvuzelas” emitindo as últimas notas da campanha eleitoral para as presidenciais e assembleias geral e da república.
As movimentações frenéticas dos beirenses prometiam um dia diferente, mas ao mesmo tempo igual aos anteriores, quando se tem em conta o objectivo de cada inclinação partidária: o de vencer as eleições.
De máquinas afinadas e tanto, deslizaram ruas adentro e espalharam mensagens marcadas de positividade. Entretanto, acima de tudo, reinava a concórdia, a paciência e a bondade, tal como recomendara, há bem pouco tempo, o supremo líder da igreja católica, Papa Francisco.
Portanto, Beira transmitiu paz, numa altura em que, regra geral, os ânimos se exacerbam pela desmedida cobiça de reinar. Deu uma lição cívica a todos quantos se enlevam para impor os seus anseios; mostrou que a campanha eleitoral é mesmo um momento de festa; de exteriorizar a estirpe e não somente para delimitar a essência de cada um, sem no entanto, magoar e tão-pouco desdenhar do outro.
Destaque-se, entretanto, que pelos diferentes bairros a hegemonia cromática pendeu mais o vermelho da Frelimo e do seu candidato, Filipe Nyusi.
Em lugares como Maquinino, Ponta Gea, Chipangara, mercados Goto, nas barbas do MDM, na sua sede – realce-se – os simpatizantes do batuque e da maçaroca deram mostras sem equívocos das suas convicções político-partidárias, sob olhar dos seus adversários que por ali circulavam livres de qualquer malícia.
Enchiam o peito, a cada passo que davam, para soletrar Frelimo, com ordem e civismo. Facto curioso é que, em plena praça da Independência, onde centenas de pessoas esperavam pelo candidato Lourenço Bulha, cabeça de lista da Frelimo em Sofala, para momentos derradeiros da festa de pedido de voto, ouvia-se numa língua do Sul de Moçambique, Changana, “ha famba hiya wona Nyusi” (vamos ao encontro de/ou ver Nyusi”, da boca de mamanas devidamente trajadas, saracoteando as respectivas silhuetas para quem quisesse ver. Era a força da Unidade Nacional, que a seu espaço emergia.
Já a Renamo e o MDM, na cidade capital, Beira, manifestaram-se de forma mais contida. O que se viu foi uma e outra espreitadela de alguns dos seus membros ou, apenas, os olhares estáticos dos respectivos líderes estampados em fotografias em vários cantos da cidade.
TEXTO DE CAROL BANZE