A questão da efectiva integração dos cidadãos moçambicanos formados na diáspora, bem como a criação de facilidades para a obtenção de documentos de identificação constituem actualmente
algumas das inquietações dos compatriotas na diáspora.
Quais são as principais inquietações dos moçambicanos na diáspora?
Uma delas, até já fiz chegar ao Parlamento, relaciona-se com a aquisição de documentos de identificação, sobretudo agora que estamos a falar de passaporte biométrico. A situação tornou-se mais complicada dada a maior procura do mesmo. A outra tem a ver com a necessidade de ajudar os nossos compatriotas no reconhecimento de suas estadas nos países de hospedagem, o que significa, por exemplo, alguém que resida na Alemanha ou Portugal, deve observar algumas normas legislativas típicas desse país, como nos casos de seguros.
Pode ser mais explícito?
Por exemplo, os estudantes em Portugal, concretamente em Coimbra, afirmam que têm tido dificuldades na aquisição do seguro de saúde e são de opinião de que se houvesse uma interacção entre os Governo moçambicano e o português poderia haver facilidades. A outra questão relaciona-se com a sua reintegração após a formação, embora seja necessário ressalvar que a nível interno já há capacidade nesse sentido, razão pela qual não se pode chegar com a convicção de que a pessoa será logo integrada porque foi formada no exterior.
Onde é que se encontra a maioria do eleitorado do seu círculo eleitoral?
Em Portugal, onde estamos a falar de cerca de três mil moçambicanos devidamente registados. Mil e quinhentos na Alemanha. Ressalve-se que para votar têm de estar registados legalmente na embaixada e só é permitido a partir de mil pessoas. Devo anotar que quando visitei a França, a comunidade lá residente manifestou interesse em participar nas próximas eleições gerais de 2014, mas, segundo as últimas informações, ainda não são suficientes para terem esse direito de acordo com a legislação.
Que avaliação faz do nível de produtividade da AR?
É difícil me pronunciar sobre isso porque na última legislatura estava o deputado Raimundo Mapanzene. Mas noto que desde o ano de 2010 melhorou significativamente, uma vez que os assuntos abordados concorrem para a melhoria das condições de vida dos moçambicanos. Tomo como exemplo a proposta da revisão constitucional em sede da Comissão Ad-hoc para a Revisão da Constituição da República, que contém muitos aspectos da vida sociopolítica e económica do país.
Como é que está sendo acompanhado o processo de revisão constitucional na diáspora?
Com muito agrado, até porque já temos uma proposta de que no exterior as eleições não deviam coincidir com a data de Moçambique porque, por exemplo, na Alemanha, elas só acontecem nas cidades em que temos as representações diplomáticas e, neste caso, são três, razão pela qual as pessoas têm de viajar duas vezes, primeiro para se registar e, depois, para votar, o que acarreta muitos custos. Na nossa óptica deviam acontecer num fim-de-semana.
Como é que avalia o país economicamente?
Numa avaliação preliminar, devo dizer que Moçambique está no bom caminho, uma vez que se formos a ver o Produto Interno Bruto está sempre está acima dos seis por cento, embora isso ainda seja insignificante em termos de redução da pobreza. A esperança é que a descoberta dos recursos naturais traga outra dinâmica à economia nacional.
Até que ponto os moçambicanos na diáspora contribuem para o desenvolvimento do seu país?
Uma das formas, por exemplo, num momento em que se aproxima o momento eleitoral, aconselhando os seus familiares a participarem activamente no processo como forma de exercerem a sua cidadania. A outra forma é a constituição de parcerias empresariais e, no meu caso, já tenho alguns parceiros. Também temos diferentes tipos de associações, nomeadamente, na Alemanha, Portugal e França e em noutros países. Aliás, no âmbito desses projectos, ainda este ano, alguns formadores alemães estarão em Moçambique para uma formação em matérias de mudanças climáticas e outros assuntos.