As delegações do Governo e da Renamo deverão retomar amanhã o diálogo que vêm efectuando desde a semana finda, conforme o acordado, tudo na perspectiva de alcançar consensos
sobre as questões colocadas pela “perdiz”, nomeadamente, sobre o Acordo Geral de Paz, alegada despartidarização do Estado, pacote eleitoral, exclusão económica, entre outras. Até ao fecho da nossa edição, não conhecíamos o local da realização desta segunda ronda, uma vez que a Renamo desejava que fosse no Centro do país e o Executivo defendia que a capital do país é Maputo e era aqui que o diálogo devia decorrer.
No último encontro, as partes divergiram na análise dos problemas, com a perdiz a acusar o Executivo de estar a desvalorizar as suas reivindicações. Embora ainda não tenha sido definido o local em que terá lugar a segunda ronda negocial, em virtude de a Renamo propor a região Centro do país, a verdade é que na última reunião havida em Maputo, na segunda-feira passada, ficou acordado que o segundo encontro tenha lugar amanhã.
Segundo o chefe da delegação do Governo, o Ministro da Agricultura, José Pacheco, que falava em conferência de Imprensa após a primeira reunião, no encontro de amanhã, a Renamo deverá apresentar especificamente aquilo que constitui suas preocupações para que, caso haja necessidade, tenham o devido encaminhamento.
“Dando cumprimento à decisão do Governo, recebemos em audiência uma delegação da Renamo e registámos aquilo que são as suas preocupações no âmbito da implementação do AGP, matérias inseridas na Constituição da República, que no nosso entender estão a ser observados devidamente. Nós registámos e pedimos para que fossem mais precisos nas suas reivindicações, no sentido de verificarmos que matérias são da competência do Executivo e de outros órgãos de soberania”, disse José Pacheco sublinhando que na reunião de amanhã passar-se-á da generalidade para a especialidade.
Por seu turno, Manuel Bissopo, secretário-geral da Renamo e chefe desta equipa, acusou o Governo de estar a desvalorizar as suas reivindicações, “o que nós sentimos é que logo à primeira eles não apresentam reconhecimento da legitimidade dos assuntos que nós apresentámos na mesa das negociações, quer dizer, não mostram confiança em relação àquilo que são as nossas reivindicações, e que acreditamos que da maioria dos moçambicanos”.
Na ocasião, Bissopo afirmou que a sua organização é amante da paz, embora não descarte a possibilidade de retornar à guerra para fazer vincar as suas preocupações. “Volvidos 20 anos da vigência do AGP, sentimos que há renitência por parte do Governo em observar o acordo, pelo que não nos resta nada a não ser voltar a Vunduzi, na serra de Gorongosa, para planificar melhor as acções a desencadear. Nós amamos a paz mas também não tememos a guerra”.
Entretanto, sobre estas negociações, segundo um comunicado do Partido Frelimo, a Comissão Política “saudou o Governo de Moçambique, por ter concedido audiência à Comissão da Renamo, tendo se disponibilizado a continuar o diálogo na próxima semana”
Aquele órgão saudou também o povo moçambicano, “pela forma como aderiu as acções promovidas durante a semana nacional da saúde que visam a melhoria do estado de saúde do povo, em geral, da mulher e da criança, em particular, factor importante no combate a pobreza”.