A eficácia das acções de prevenção e combate à criminalidade na sociedade moçambicana requer resolutamente uma maior coordenação entre a comunidade e a Polícia aliada a
uma maior vigilância contra os boateiros e os malfeitores que procuram, a todo custo, anular o esforço individual e colectivo das pessoas do bem que lutam quotidiana e arduamente para melhorarem as suas condições de vida.
Foi neste diapasão que o Presidente da Republica (PR) pontuou a sua intervenção inaugural no arranque, sexta-feira última, da visita de quatro dias à província de Maputo inserida na quarta etapa da sua Presidência Aberta e Inclusiva, onde, para além da questão da criminalidade, Guebuza foi confrontado com problemas relacionados com a falta de iluminação pública nos bairros de Malhampsene e Tsalala, bem como casos de conflito de terra.
O bairro de Tsalala, no Município da Matola, foi o ponto de entrada da visita presidencial, numa altura em que ainda prevalece o espectro de insegurança em vários bairros da autarquia da Matola, com maior incidência para São Dâmaso, Ndlavela, Tchumene, Malhampsene e Patrice Lumumba, depois de alguns dos seus moradores terem vivido casos de assaltos à mão armada às suas residências, crimes violentos protagonizados por “gangs” mais ou menos organizadas que chegavam mesmo ao extremo de estuprar algumas das suas vítimas.
Falando perante centenas de populares oriundos dos bairros circunvizinhos de Tsalala, Guebuza reconheceu que a criminalidade é um dos obstáculos ao rápido desenvolvimento da sociedade, porque põe em causa as conquistas alcançadas, tais como a paz e a unidade entre os moçambicanos. Por isso mesmo “as pessoas revoltam-se contra os criminosos”.
É por isso que, segundo o Presidente Guebuza, os moçambicanos devem reforçar a unidade entre si e agudizarem a vigilância para melhor desmascarar e reduzir a capacidade de acção dos boateiros e dos próprios criminosos “que muita das vezes encontram campo de acção, quando se apercebem que não estamos unidos”.
“Se estivermos unidos e vigilantes, os boatos não nos irão vencer. Os boateiros não diferem dos bandidos. Ambos têm por objectivo dividir as pessoas honestas, trabalhadores, porque assim eles encontram campo fértil para as suas investidas, uma vez que quando as pessoas estão divididas tornam-se fracas e perdem a coragem de lutarem pela melhoria das suas vidas”, disse o Chefe do Estado.
Guebuza admitiu que tenham ocorrido alguns casos preocupantes de criminalidade violenta nas cidades de Matola e Maputo, nos últimos dias, mas chamou atenção para o facto de haver pessoas de má fé que pegam em casos isolados e dão-lhe uma amplitude susceptível de criar um ambiente de verdadeiro terror no seio das pessoas do bem.
“Estamos a ver, nos dias que correm, o impacto que tem o boato”, disse Guebuza, em alusão aos propalados casos dos “engomadores” e /ou grupo dos vinte assaltantes (G20) que têm sido “estrategicamente” repetidos de forma alarmista pelos boateiros, tal como o fazem aquelas pessoas maldosas que para aterrorizar aos outros “pegam numa formiga e dizem que se trata de um elefante”.
“Os boateiros reproduzem mentiras de tal maneira que, nalgumas vezes, chegam a parecer verdade. Por isso, meus irmãos, o segredo para que o boato não nos fragilize passa por sermos vigilantes e colaborarmos com a Polícia. Mesmo as acções de patrulhamento que a nível dos bairros têm sido levadas a cabo devem ser feitas em coordenação com a Polícia. Temos que manter a nossa sociedade impermeável, de modo a que os boateiros e criminosos não tenham espaço”, disse o Presidente.
Guebuza reiterou o seu apelo à vigilância também no comício por si orientado na manhã de ontem na localidade de Mahalane, distrito de Namaacha, e chamou atenção para que a população esteja atenta àqueles que agem como se de percevejos se tratassem “que se alimentam do sangue de terceiros”.
“Essas pessoas que se comportam como percevejos são movidas pela preguiça que os impede de trabalhar e exibem sistematicamente predisposição para falar mal dos que trabalham. Geralmente, os preguiçosos são invejosos. Eles invejam aqueles que trabalham e andam de bar em bar a falar mal dos outros e fabricando boatos dos mais pequenos aos mais perigosos” disse Guebuza, arrancando aplausos dos populares presentes no comício.
O Presidente recomendou igualmente a população da Localidade de Mahalane e do Posto Administrativo de Changalane, bem como a população moçambicana, em geral, para que se mantenha igualmente vigilante em relação “àqueles que têm como objectivo dividir o país, e, por isso, procuram promover conflitos e desunião no nosso seio”.
Aliás, no informe apresentado ao Chefe do Estado pela governadora da província de Maputo, Maria Jonas, refere-se que a partir da segunda quinzena de Julho registaram-se casos de agitação popular em alguns bairros da Matola e distrito de Boane, que provocaram três óbitos, motivados por desinformação sobre a existência de um suposto grupo de criminosos denominado G-20.
Segundo Maria Jonas, na realidade, foram registados três casos criminais no Bairro São Dâmaso, dos quais um com violação sexual, um com queimadura a ferro e outro de roubo.
Entretanto, hoje, o Presidente da República vai orientar um comício popular na localidade de Macubulane, no distrito de Magude, e uma série de encontros com as estruturas locais.
Ontem, para além do comício que dirigiu na localidade de Mahelane, distrito de Namaacha, Guebuza visitou um regadio de 44 hectares que é explorado por uma associação de agricultores que conta com cerca de 60 membros. Estes dedicam-se à produção de hortícolas, fruta, cereais e outras culturas alimentares. Até ao fecho da nossa edição, o Chefe do Estado encontrava-se a proceder à inauguração das novas instalações do edifício do Conselho Municipal da Vila de Namaacha.