A chefe da bancada da Renamo, Maria Angelina Enoque, afirmou que realizar eleições com o actual figurino da legislação eleitoral e perpetuar a exclusão social é uma afronta à democracia multipartidária.
Para a Renamo, realizar eleições só por realizar com o actual quadro eleitoral em vigor em Moçambique, “a melhor decisão é não realizá-las, e não permitir que ocorram e essa é a vontade do Povo que sofre e não de uma minoria abastada”.
Sublinhou que o diálogo é a única via aceitável para ultrapassar as diferenças políticas. “Badala-se sobre a inconstitucionalidade do princípio da paridade, mas não se localiza. Ontem, a introdução da “democracia multipartidária” era inconstitucional. Toda a ditadura, toda a crueldade praticada em nome da Constituição”.
Angelina Enoque afirmou que reconhece e congratula a coragem e entrega total dos ilustres Dom Dinis Sengulane, Bispo da Igreja Anglicana e do académico Lourenço do Rosário, “que tudo têm feito para o bem da democracia, liberdade, isenção, equidade, transparência das leis eleitorais que garantam a justiça”.
Sobre as conversações em curso entre o seu partido e o Governo, aquela deputada apelidou-o de “diálogo de surdos”. “ Vivemos hoje um clima de instabilidade eleitoral, embora se queira tapar o sol com a peneira. Este clima forçou ao diálogo que dura há cinco meses. Um diálogo de surdos sem resultados palpáveis. Diálogo de ganha tempo, de distracção com regular turismo pelo Centro de Conferências Joaquim Chissano”.
Num olhar sobre a conjuntura sócio-económica, Angelina Enoque afirmou que a delapidação dos fundos do erário é uma realidade, tendo apontado como exemplo, o desfalque de mais de 170 milhões no Tribunal Administrativo.
“A Procuradoria-geral da República através do Gabinete Central do Combate a Corrupção diz estar a investigar o caso, no sentido de apurar a veracidade dos factos e responsabilizar os infractores. Esperamos que as declarações não sejam apenas para distrair o povo e fazê-lo esquecer. Estamos atentos”,disse Enoque.