“o meu coração dá voltas, a minha força me falta,” Sl 38:10
Nascido algures num dos muitos matagais deste imenso País, tenho o privilégio de viver e morar na grande Metrópole Moçambicana (Maputo), carinhosamente tratada pelos seus citadinos como “Cidade das Acácias”, cujo “slogan” da edilidade é que esta agora também minha cidade seja “cidade próspera, bela, limpa, segura e solidária”. Incondicionalmente eu também como muitos, subscrevo orgulhosamente por baixo este nobre desejo da edilidade, e, para viver alguns dos muitos problemas que ainda restam por resolver que logicamente a cidade os tem, sigo o conselho receitado por uma estrofe duma canção religiosa que diz: “que nenhuma família comece em qualquer de repente”, começo por congratular a edilidade pela aquisição e colocação em andamento dos primeiros autocarros, munidos de “ar condicionado” um dado inédito na história do Povo Moçambicano, digníssimo de registo, pois andar em autocarros de luxo, é algo digno de várias salvas de Palmas! Muito obrigado edilidade! Não obstante, e como costumava dizer-me (ensinar-me), uma das minhas saudosas avós que: “Yiwalo Thonvu yo mbana Mafina”, ou seja, todas as narinas têm resquícios de ranho, o mesmo que dizer “como não há bela sem senão, a materialização do “slogan” não é e nem podia ser tão linear, pois persistem ainda muitos obstáculos por ultrapassar pelo menos no que toca a ela ser “segura e solidária”, porque da sua “prosperidade, beleza e limpeza”, sejamos honestos, são notáveis e mensuráveis por qualquer um de nós, que queira ver com olhos, não importa a que preço. Quanto a “Segurança e Solidariedade”, isso é outro assunto! Senão vejamos: Vivo e moro no Distrito Municipal Ka Mahota, numa Palhota construída, há quase vinte anos, ilegalmente, sem ser por culpa minha, pois a burocracia para obter o sonhado DUAT era (e é tal) que…enfim. Dizia, saio do quintal da minha palhota ilegal, com destino ao centro da cidade (Sede da RM), para manifestar a minha sucata e para evitar complicações com as Policias (de Transito e ou Municipal), prefiro “despachar” esse dever logo no primeiro dia útil do ano. Faço isso todos os anos. Para tal apanho no “Cardeal Dom Alexandre”, ainda em obras, pois a pavimentação, em passo de camaleão parou inexplicavelmente no cruzamento daquela Avenida com o “Mário Esteves Coluna”, alí nas Bombas da “ENGEN”, desde Dezembro, talvez à espera das chuvas; dizia apanho um “may love”, que como se sabe, trata-se da designação dum formidável transporte colectivo de passageiros, dentro do qual, (aí sim! A solidariedade é palpável), pois abraçamo-nos, apertamo-nos e respiramos o mesmo ar (impuro) e sentimos o pulsar e o batimento do coração de alguém com o ou a qual até ai era totalmente desconhecido e apoiamo-nos em caso de algum inesperado solavanco). Na Praça dasFPLM (vulgoXikheleni), que ainda está em obras de requalificação, desço e conecto-me com outro “my love”, que vai me levar até baixa. Bem, por causa do espaço, vou encurtar a conversa e ir direitinho ao assunto sem contar o resto da aventura. Como disse anualmente somos obrigados (pela madrasta da Lei) a preenchermos os mesmos impressos, quando podíamos simplesmente exibir o Livrete, pagarmos e obtermos a preciosa VINHETA. Para o mal dos meus pecados, de regresso a casa e no meio de muita (In) segurança e solidariedade num dos “my love”, perdi a vinheta. Dia seguinte repito o movimento, e chegado lá, depois de novamente a “bicha” obtenho a informação de que para a 2ª.via da VINHETA, devo requerer a Sua Excelência o Presidente!? O meu coração dá voltas!