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Três dias na montra dos prazeres (fim)

Por Idnórcio Muchanga

Gosto desta frase de Hugo Schlesinger: “Quem tem esperança sabe que nenhuma tristeza é eterna. Sabe que, após a chuva, virá o sol. Que amanhã será outro dia, cheio de surpresas e de boas novidades”.

Nesta frase parece estar sentado o meu destino. Dois dias tinham passado eu a viver a vida de prostituta, o suficiente para o mergulho no mundo de contradições e vícios. Insisti, mesmo assim, em tragar emoções difíceis, pautadas no lucro rápido, feroz.

Calhou-me uma sexta-feira 13. O dia não era mesmo para mim. Não havia homens nem dinheiro. Cansei-me de desfilar à busca do nada. Sentei-me num café, bem pertinho da montra, e troquei impressões com as minhas colegas. Uma delas, a Julieta, grávida de quatro meses, disse-me que ia à rua naquele estado porque há homens que gostam. “Dizem que estou quente”, explicou.

A Amélia, outra rapariga na montra, contou-me que deixa o seu bebé de dois meses com a empregada, correndo para a rua para obter dinheiro para comprar leite a fim de alimentá-lo. 

 

A história da Rute é bem mais complicada. Ela é casada. Vai prostituir-se e o marido não sabe. “Ele come do bom e nem pergunta de onde vem o dinheiro”, disse.

Texto de Bento Venâncio

bento.venancio@snoticias.co.mz

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