Início » TRAGÉDIA NO FUNERAL DE UM TEÍSTA SEM RELIGIÃO

TRAGÉDIA NO FUNERAL DE UM TEÍSTA SEM RELIGIÃO

Por admin

“…Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor(…),pois as suas obras os acompanhamApocalipse 14:13. Produzir fielmente um texto por semana com um conteúdo actual, interessante e cativante, não é assim tão “pêra doce” como se possa imaginar, pois, isso requer um aquecer de nádegas, mãos firmes nas teclas ou na caneta, um exercício dos neurónios e, enfim um conhecimento profundo do que se deseja escrever.

 Por isso, depois do que passei nestes últimos 15, 20 dias, nunca senti tanta dificuldade em elaborar um texto como aconteceu com este que o respeitado leitor tem hoje nas suas mãos. Pensei até em adiar para a próxima edição, onde escolheria com mais tranquilidade entre o vasto leque de assuntos da actualidade, infelizmente todos eles desagradáveis como sejam, os contínuos e arrepiantes ataques frontais e directos perpetrados a inocentes diariamente pelos chamados “homens armados da RENAMO” ao longo da “EN1” na Província Central de Sofala e agora nas populações dalgumas Povoações da Província da Terra da Boa Gente; os inexplicáveis “raides” de raptos que gente perigosa e sem escrúpulos realiza com a maior desfaçatez e impudência na Capital do Pais e no vizinho Município da Matola; sobre as chuvas e inundações que começaram já a provocar os efeitos previsíveis mas até agora inevitáveis; as violações de menores pelos seus próprios parentes e em alguns casos pelos próprios progenitores, enfim, teria por onde me espraiar. Contudo, fiquei sem ânimo. Só que, apesar de tudo, tinha de honrar com o meu compromisso, pois pesou-me mais o dever de enobrecer o meu comprometimento que tenho comigo e consigo. Duas razões causaram e pesaram para todo este embaraço: a morte, melhor dito, as mortes e a importância de um candidato a morte praticar ou não uma religião. Como disse um dia Walter Oswald, proeminente médico Portuense (Português), e Directordo Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa, sobre a Morte e o Morrer O Homem é o único (animal) que sabe que um dia vai morrer”. No entanto, todo o animal tem o instinto de preservar a sua vida, embora não possa estimar ao certo quanto tempo ainda pode viver nunca está preparado para enfrentar este irreversível e inexorável destino, deixando tudo para os sobrevivos. Os especialistas em “mortandade” elegem os elefantes como sendo os únicos seres da natureza que podem saber que a sua morte está próxima dias antes, por isso, para não atrasar a manada, isolam-se e se afastam. Um terceiro elemento que concorreu para esta minha indisposição, é e será sempre a tentativa de evitar falar dos meus problemas. Como diz o Sábio Povo, nesta transição de anos, eu entrei com o pé esquerdo. A partir da última semana do ano que se foi, entrei num ciclo de falta de graça, naquilo que os descrentes preferiram chamar de azares ou má sorte que se prolongariam até ao dia 15 do presente mês. Primeiro foi a perda de uma sobrinha já na casa dos cinquenta e logo de seguida ou seja oito dias depois, mais precisamente no dia 31 de Dezembro perderia uma irmã da filha da minha sogra, recém graduada em Ensino da Língua Portuguesa também na casa dos Cinquenta. Por último (será?), perderia (mos) o seu (dela) irmão mais velho um sexagenário cujo seu depósito a sua última morada acabaria por inspirar a elaboração do presente “Assombreamento”. Cansado de tudo, a dado momento, aquele desditoso filho do meu falecido sogro decidiria pôr cobro a tudo: parar de trabalhar, de comer e só dedicar-se a ingerir álcool e aspirar o fumo do tabaco.Como disse um dia Albert Schweritzer, Teólogo, Músico, Filósofo e Médico Alemão, nascido na Alsácia: “A tragédia do homem é o que morre dentro dele, enquanto ele ainda está vivo” . Com efeito, a odisseia começa logo  após o seu “desencarnamento”. Em presença de mais de duas centenas de familiares e vizinhos, desenhávamos a forma como decorreria a cerimónia fúnebre. Descartada a ideia de ir numa urna artesanal fabricado a partir de madeira de coqueiro, recorreu-se a aquisição de uma convencional no vizinho Município da Maxixe. Tudo pronto, só faltava a intervenção dos Pastores, Padres ou outros guisando. Constatação: apesar de Baptizado e crismado pela igreja católica apostólica romana, o finado desde que passou a ser senhor dos seus actos, perdera a vontade de entrar numa casa de Deus. Estava-se perante um hostil a religiões,uma pessoa se calhar Teísta mas sem uma religião ou um não praticante, poisa prática da religião não fazia parte dos hábitos do finado, pese reconhecer-se a entrega e até o fanatismo dos restantes familiares. Os Católicos ali presentes reclamavam que assim como ninguém viu um Nudistas não praticante, também não podem haver Católicos não praticantes, por isso nenhum Padre poderá encomendar a alma do meu finado cunhado. Mais do que o simples facto de ele ter passado para eternidade, o seu enterro tornava-se num pesadelo tenebroso e exasperante, pois nenhum dirigente religioso se voluntariava a dirigir a cerimónia da encomendação do corpo do finado, nem que seja ao Diabo, já que apesar de ter sido Batizado não seguia nenhuma seita. Alguém dos presentes lembrou-se de gritar no meio da multidão: “Vamos todos proferirmos a Oração do Senhor!” E toda a multidão proferiu o “Pai Nosso” e assim o corpo desceu sem mais nenhuma cerimónia para a sua última morada. Será correcta aquela prática dos Cristãos praticantes de recusar a enterrar nem que seja um herege? Mas o Apóstolo Paulo disse: “Mas tu, por quê julgas a teu irmão? Ou tu, também, por quê despreza a teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o Tribunal de Cristo. Porque está escrito: pela minha vida, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará diante de mim, e toda a língua confessará a Deus.” Rm 14:10-11

Você pode também gostar de: