Já se passaram 29 anos desde que o Governo e a Renamo assinaram o Acordo Geral de Paz. A guerra durou longos e penosos anos, ceifou a vida a milhares de patriotas e fez milhares de refugiados nos países vizinhos e outros milhares de deslocados internos. Foi uma realidade que nos foi imposta e que dilacerou o nosso tecido social.
João Bernardo, conheci-o em 1992, num centro de deslocados próximo da cidade de Mocuba, na região da Alta Zambézia. Tinha 13 anos. Hoje deverá ter 42 anos. Deve ser um homem feito. Pai de filhos certamente. Imagino-o com cabelos grisalhos, barriga avantajada e barba feita. Um “gentleman”. Imagino-o vivendo na cidade de Mocuba.
Quando conversei com ele em 1992, disse-me o seguinte: “ao longo da marcha, como o meu pai não respondesse às perguntas que os bandidos lhe faziam, mataram-no com arma e esmagaram a sua cabeça sobre um tronco”.
Com repulsa, recordou-se que fora raptado juntamente com os pais, da casa da serração, em Tacuane, onde o seu progenitor desempenhava as funções de guarda. Leia mais…
Por António Barros