“Não cobices no teu coração a sua formosura, não te deixes prender com as suas olhadelas”. Provérbios 6:25
Na passada quarta-feira dia 25 de Junho, o nosso Pais completou 39 anos de Libertação do jugo Colonial. É um período que representa no mínimo duas gerações de Moçambicanos, que felizmente jamais conhecerão a vergastada e o sibilar de um chicote porque apenas lêem nos livros e também nunca sentirão o seu zurzir, nem a pancada de uma Palmatória na pele de um filho de Moçambique flagelado por um boçal colono que se comportava e se intitulava dono e senhor desta terra, mas considerado Português de 2ª.classe pelos seus compatriotas do “a aquém-mar”, pois todos os que nasciam ou viviam nas “Províncias Ultramarinas”, eram uma escumalha, uma ralé, comparados com os da “metrópole”. Já lá foram cinco séculos de invasão, opressão e saque dos tesouros desta pérola do Indico, por aventureiros do outro lado do Oceano, estranhos à nossa terra, muitos dos quais durante a Luta da Libertação Nacional, tiveram de pagar caro a sua ousadia, perdendo a vida e deixando os seus ossos nesta terra estranha à sua. Trinta e nove anos de Independência Nacional, que infelizmente não foram de tudo uma pêra doce, pois “solavancos” houve e ainda há no Centro deste martirizado País, provocados por alguns Moçambicanos de cabeça oca, que não podendo pensar com patriotismo, agem e dizem que enquanto não conquistarem o poder político por força das armas, em vez do diálogo e voto popular democrático, preferem alinhar com a desalmada mãe do famoso conto Bíblica do Rei Salomão uma história tão velha como o Mundo. Conhecida por "julgamento do rei Salomão". O velho rei é chamado a julgar uma disputa entre duas mulheres que reclamam ser a mãe da mesma criança. Incapazes de chegar a um acordo, o rei dita a sentença: a criança deve ser dividida em duas partes. Uma das mulheres admite que assim seja, pelo menos a outra não fica com a criança. A outra prefere abdicar da disputa, dessa forma ela não morrerá. O rei não tem dúvidas e entrega o bebé a esta última, pois foi ela que colocou em primeiro lugar o bem-estar do seu filho. Assim pensam os de cabeça-oca. Em vez de colocar em primeiro lugar a integridade territorial do nosso Pais, preferem dividi-lo, não se sabe em quantas partes. Este é o pensamento de gente abobalhado, pois Moçambique é uno e indivisível, porque mesmo os Colonos não conseguiram esquartejá-lo. As vezes é necessário sair do Maputo para ver e sentir o quanto o nosso Pais fica verdadeiramente rico tendo como arma a Unidade Nacional: Seja num funeral, ou numa cerimónia de núpcias decorrendo em Mavago, seja num “lowolo”, ou num “Xitiki”, realizado em Tsalala, ou mesmo disputando espaços para construção duma palhota em Quamba, ali estarão Moçambicanos de todo Moçambique, procurando entender-se mesmo sendo de diversas tribos e línguas que se falam neste Pais. Pensar em dividí-lo, é uma loucura e uma imprudência fatal. Devemos portanto dar Viva aos Trinta e Nove anos de Unidade Nacional! A propósito de sair do Maputo, no final da semana passada, fui participar numa cerimónia fúnebre no interior dum Distritos a mais de Quinhentos Quilómetros a Norte da Capital Nacional, e a Vinte Quilómetros da Fronteira com o vizinho Zimbabué, portanto, num local ermo, longe das luzes e do roncar de motores do Grande Maputo. E, não é que esbarrei com uma espécie de “RANCHO” no mínimo invulgar. Uma Vivenda do tipo “Tipo 4”, dessas que se constroem nos Bairros “Chiques”, erguida no meio dum matagal, chamando a atenção de qualquer “adviente” que por lá passar. Tendo como vedação (Quintal), troncos de Eucalipto reforçados por arame “Tubarão”, permitindo por isso contemplar quase tudo o que lá se encontra desde a enorme vivenda com garagem que permite parquear à vontade duas ou mais viaturas, Painéis Solar a produzir uma energia limpa que põe a funcionar uma piscina de dimensões normais e um tanque de água no cimo e um outro de água quente,”jacuzzi” ou hidromassagem, uma antena parabólica, uma enorme Capoeira só de Galinha “Cafreal”, e uma variedade de árvores de fruta desde Tangerineiras, Laranjeiras e Mangueiras. Na entrada principal, um enorme portão feito de cantoneiras e um letreiro com os dizeres “SONGOLELA: 200,00Meticais e 3 Galinhas Cafreais”.Não percebendo o que seria aquilo, explicaram-me tratar-se da residência de uma “Trabalhadora do Sexo”, com uma educação escolar acima do normal, que abraçou aquela antiga profissão devido a desentendimento com o seu cônjuge. Formada em gestão e tendo experimentado o sabor dum Lar que durou apenas dois anos, o companheiro começou a infligir-lhe sevicias numa verdadeira “violência domestica” alegadamente porque não concebia. Num divórcio litigioso que favoreceu a “Empreendedora”, o Tribunal decidiu pela divisão de bens adquiridos pelos dois, tendo ela abdicado da mansão da cidade, preferindo que o companheiro, (por sinal um Empresário bem sucedido da Capital do Pais), construísse para ela uma igual naquelas matas, propriedade dos seus progenitores já falecidos. O negócio dela, “sui generis”, consistia na “venda” do seu próprio corpo, esbelto e sedutor me afirmaram, em troca de apenas três galinhas cafreais e duzentos meticais em dinheiro durante oito horas de diversos prazeres desde massagem, “banhos turcos e boa refeição. A expressão “Songolela” espetada na entrada, indica que o feliz contemplado pelos prazeres da singular Mansão, bastará chegar cedo, “Songolela” na língua Txi Txopi, ou se preferir, deverá esperar pacientemente pela sua vez durante as oito horas em que ela estará “ocupada”. Não aguentei com o inovador empreendedorismo e pus-me a rir a bandeiras despregadas como se usa dizer na gíria popular! Pelo menos ela não sofre pelo frio, calor e chuva das Ruas e esquinas da Capital, e além disso, junta o útil ao agradável: criando e vendendo centenas de galinhas “indígenas", cujo sabor como se sabe é bem diferente de frangos que se alimentam de produtos químicos. Encobri propositadamente o nome e a localização exacta do sítio da feliz “Empreendedora”, para não ser o culpado pela perdição de muitos, pois garantiram-me que quem experimenta uma vez, não resiste repetir e ela não assume compromissos. Há cada formas de viver, não é!
*SONGOLELA: Chegue cedo