Por André Matola
Fazia um calor de assar passarinho. O bairro asfixiava. O alcatrão da estrada que rasgava a zona do Zundap, por onde passava muita gente chupando gelo-doce, parecia derreter. Não se via ninguém a comer quibom ou quibelo. Só e somente só gelo-doce.
Os vendedores de língua de vaca, tripa e dobrada que usavam burros para transportar duas caixas médias onde acondicionavam aqueles produtos, que pendiam de ambos os lados do dorso dos animais, procuravam a sombra das lojas para se resguardarem dos intensos raios solares. O ar pesava. Safávamos nós que temos nariz arrebitado. Os de nariz rectilíneo… arfavam,… pelas narinas.
Para quem não sabe, gelo-doce era mistura de água e açúcar vertida num saquinho de plástico transparente em cuja parte superior faziam um nó para que o líquido não se derramasse. Leia mais…