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Política e Hipocrisia

Por admin

Recordando a recente penitência de Toni Blair,ex-primeiro ministro do Reino Unido, e um dos responsáveis da guerra do Iraque,juntamente com George Bush ,Durão Barrosso, e José Maria Asnar, todos a viver a aposentação imaculada,concluímos que o propósito da guerra  no Iraque em 2003,foi enriquecer  empresas de familiares e amigos, chegados à família Bush,e de catapultar os signatário em posições de relevo, em organizações de peso internacional,como Durão Barroso na União Europeia, e Paul Wolfowitz no Banco Mundial, tudo com o beneplácito da Bilderberg …

Mas colocando o discurso em perspectiva,os responsáveis dessa guerra no seu conjunto, são também reponsáveis por mais de um milhão de mortes,700 mil  mortes no Iraque, e milhares de refugiados .E graças a este acto irresponsável, o mundo está à mercê do terrorismo, liderado pela ISIS.São também responsáveis pelo clima de instabilidade criada na região, e dos mais de 300 milhares de mortes no acual conflito na Siria, que no meu entender, sao consequencia directa  do derrube do partido Ba`ath socialista no Iraque a destabilizar a Siria,  causando o efeito dominó, com a tentativa de destituir do poder o partido Ba`ath socialista da Siria.A história ensinou-nos que o mundo não é inimigo do ocidente, as politicas do ocidente em relação aos povos e culturas  diferentes é que hostilizam o mundo.Como alguém  recentemente lembrou,  o pai ideológico  e financeiro do ISIS é a Arabia Saudita, mas a América tem uma relação estreita com a Arábia saudita e com as monarquias do golfo, devido ao petróleo e porque  estes lhes compram as armas.

A invasão ocidental é responsável moral e material da actual crise dos migrantes fugidos da Libia, Siria, Iraque e Afeganistão.Um crime  escamoteado da midia ocidental, talvez para justificar novas investidas militares, contudo convém aqui salientar que se o mundo vê estas intervenções como crime contra a humanidade, no ocidente não é bem linear , tirando a opinião critica de intelectuais e politicos moderados;se como dizia John kenneth Galbraith , os brancos já não acreditam que são seres enviados do céu para governar os negros, os escuros e amarelos,…Eu afirmo  que os poderes politicos estabelecidos continuam a consentir uma politica  militar  ocidental de forca, legitimada do seu peso politico e económico e  até civilizaçional,  mesmo em violação de  qualquer norma do direito internacional;portanto bombardear a Siria,mesmo contra o desejo do actual presidente Assad, mostra a prepotência  contra qualquer  regra internacional , desde que o ocidente entenda  colocar o pais na mira das suas armas.

O Tribunal Penal Internacional parece feito para governantes, e ex-governantes africanos.O peso político do continente africano continua frágil, e sem peso nos centros de decisão internacionais. Falando  na Assembleia dos Estados Membros em Haia, a Ministra das Relações Internacionais da África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane interrogou: “Perguntamos a nós próprios, tal como muitos, porquê não houve investigações no Afeganistão, no Iraque, e na Palestina, depois de um longo período de análise preliminar, embora existam claras evidências de violações?”
“Será que é porque essas investigações poderão incriminar as grandes potências? indagou.
Como se sabe,  a África do Sul permitiu que al-Bashir perseguido pelo TPI saísse do país em violação a uma ordem do tribunal de Pretória.

Mas voltemos ao motivo que levou a America a invadir o Iraque com os seus aliados,em violação do direito internacional.Se as premissas  falsas, plantadas da oposição iraquiana, de que o regime de Sadam Hussein possuía um stock de armas nucleares só poderiam dar um resultado falso?Alguém acredita  na penitência de Tony Blair? Mesmo contra os protestos em  coro de um mundo revoltado, quem exigiu a retirada imediata do inspector Hans Blix, do Iraque, para dar inicio aos bombardeamentos?De lembrar que Blix havia sido mandatado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidos , para encontrar as tais  armas no terreno, armas essas que nunca existiram.

Os Estados Unidos da América e o ocidente em geral, criáram vazios políticos quer no Iraque , na Libia, e Siria,sendo que hoje os problemas existentes naqueles países, são consequência directa.O denominado Estado Islâmico (ISIS), que actua no Iraque e na Síria, e poderá ser mesmo uma ameaça global, caso os Estados Unidos e os seus aliados  se esqueçam de fazer meia culpa.

A França  de Nikolay Sarkozy deu luz verde à invasão, ao apoio moral, e militar, aos islamitas que se propuseram a lutar contra o regime de Bashar al Assad da Síria, ao mesmo  tempo que liderou o derrube de Muammar Kaddafi.O Iraque pós Sadam Hussein, mesmo após a nomeação de  Iyad Allawcomo primeiro ministro, tornou-se um terreno permeável ao sectarismo religioso, tendo morrido deste então na rivalidade entre sunis e xiitas mais de 2 milhões de iraquianos, para além de provocar uma onda de refugiados na ordem de milhões.O governo xita, curdo e suni de Nuri-al Malik de inspiração americana, agora afastado do poder, por sugestão de Barack Obama , demonstrou ser sectário, e de incitamento à rivalidade religiosa, ao ponto do  vice-ministro suni Tariq-al Hashemin furgir de armas e bagagens para a Arábia Saudita , para escapar à morte.Hashemini havia acusado o então primeiro ministro, de liderar  uma caça às bruxas contra os seus oponentes.O que se seguiu depois foi um luta feroz pelo poder, e um governo fragilizado por desconfianças e lutas internas.O ISIS é um produto da marginalização dos sunis. O  (Estado Islamico do Iraque e Levante é um aglomerado de grupos diferenciados, de inspiração sunitas, mas ferozes combatentes islâmicos, aliados a antigos soldados, e oficiais do antigo exército de Sadam Hussein.O seu lider Abu Bakr al-Baghdadi, tem como objectivo a construção de um Califado.

Efetivamente logo após a conquista de Mossul e de Tikrit, o líder do EI proclamou a instauração de um califado, incluíndo os territórios já controlados. Cerca de 25% da Síria (45.000 km2) e 40% do Iraque (170.000 km2), num total de 215.000 Km, o equivalente ao Reino unido, de acordo com um geógrafo especialista na Síria.A maior parte destes territórios, sobretudo no Iraque, são desérticos, o que reduz o seu real domínio do território. O Califado estende-se assim de Manjeb, no norte da Síria perto da fronteira turca da província de Alepo, para leste, incluíndo toda a província de Raqa, e uma grande parte de Hassaka, e de Deir al-Zor, até Boumakal, perto da fronteira com o Iraque. Daqui estende-se pelas regiões sunitas do oeste e do norte, com destaque para a cidade de Mossul. Uma área que inclui cinco poços petrolíferos.

A ferocidade combativa do ISIS tem-se revelado eficaz na luta contra interesses ocidentais na região, a ponto do Governo Obama  ter dado início a uma série de bombardeamentos estratégicos, e neste momento questionar o envio de uma expedição militar, em conjunto com outros parceiros militares ocidentais.O ISIS controla cidades e vilas  iraquianas, e Sirias, assim como campos de petróleo, para para além de centrais elétricas.Diz-se por exemplo que a electricidade que serve Damasco é vendida ao governo pelo ISIS, por este controlar a central de energia que serve a capital.

Na Síria a situação e caótica, só se vê destruição e mortes, e o contrasenso existe.Paira no ar a idéia de que o denominado ISIS  recebeu armas dos próprios americanos, para combater o regime de Damasco, e agora são os próprios americanos a querer uma aliança estratégica com o presidente Assad da Siria, e com o Irão, para combater os terroristas.O ISIS de combatentes pela liberdade passaram a ser denominados  terroristas.

Foi assim com Saddam Hussein, apoiado pelos americanos, para combater o Irão, sem esquecer Muammar Kaddafi, que antes de ser derrubado e morto, esteve a uma semana de ser recebido  nas Nacões Unidas, com honras de boa governação, por ter guindado a Líbia para a era da modernidade .
O ocidente para além de petróleo que vai adquirindo como prémio de governos impostos à forca, criados tanto no Iraque e Líbia, o resto é o amontoado de mortes, crispação social política e religiosa, e desolação. Não conseguiram aproximar os povos, nem unir os países, nem sequer se esforçaram por ajudar a eliminar assimetrias regionais, ou religiosas, por exemplo no Iraque, como na Líbia, e mesmo na Síria.Nesses países a mudança de regime foi sinónimo de fim do paraíso, isto testemunhado por iraquianos e líbis, não afectados ao regimes com quem falei, a residir actualmete nos Estados Unidos e Canadá.Quantos destes têm invadido a Europa, na vaga recente de migrantes, em busca de solo seguro para viver?

Esses países antes eram inquestionávelmente dos mais evoluidos e em qualidade de vida  no mundo arabe, em especial Iraque e Libia, dotados de infraestruturas únicas, no campo da saúde, educação,energia,pavimentação de estradas,habitação,…Embora houvesse uma certa  interrogação no campo de direitos humanos.

Os atentados de Paris entristece-nos a todos , mas é importante que se ponha o dedo na ferida.O ISIS conforme o presidente russo reconheceu, recebe apoio financeiro com origem em mais de 40 países, incluindo o ocidente.Bombardear a Síria, um pequeno país já em si totalmente fragmentado e destruído, valerá a pena?Será que este acto de vingança previne outros Bataclans?Por mais cirúrgicos que sejam, os bombardeamentos provocam danos colaterais, e a história se encarregou de mostrar que nem sempre a violência se resolve com violência.Não se pode resolver o problema do médio oriente na base  de bombardeamentos.

Unidade Nacional, Paz e Progresso  

Inacio Natividade

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