É preciso notar ainda que a redução drástica dos seus deputados, reduziu drasticamente também o valor monetário que agora é canalizado à Renamo pelo Tesouro moçambicano, porque é proporcional ao número de deputados que cada partido tem no Parlamento.
Os que estão dentro do esquema dizem que neste momento, a Renamo recebe do Tesouro, pouco mais de três milhões de meticais pelos 51 deputados que tem agora. Este valor é dado a Renamo directamente, para além dos salários que são pagos directamente a eles como tal. Como se pode ver, este valor pode ser muito pouco para uma formação política que já teve 117 deputados. Tudo isto mostra claramente que estes resultados eleitorais de 2004 e 2009, causaram choques eléctricos nas hostes da Perdiz e em todos aqueles que ainda perfilhavam em torno desta ave indomesticável como é indomesticável é esta mesma Renamo criada pelos então regimes racistas de Ian Smith, na então Rodésia do Sul e do apartheid na Africa do Sul.
A RENAMO TEM ESTADO A TENTAR FORÇAR O GOVERNO A DAR-LHE MAIS DINHEIRO
O que me leva a concluir que o único problema que leva a Renamo agora a sacudir de novo o seu machado de guerra, é que na carta que endereçou ao Governo em Abril deste ano, solicitava uma audiência que agora se transformou num Dialogo prolongado, contém um capítulo designado Questões Económicas, em que está tão claro mesmo para os leigos, que o que nela se exige é que Guebuza dê mais dinheiro à Renamo.
Nela queixa-se em como o que lhe tem sido dado não lhe permite que se transforme dum movimento militar para partido político. Nesse parágrafo, não se faz menção dos milhões que a Renamo recebeu e esbanjou, como os 300 mil dólares mensais que as Nações Unidas deram a Dhlakama entre 1992 a 1994, nem mesmo os centos de milhões que recebeu do Tesouro moçambicano quando tinha mais de 120 deputados. Fazer tudo para que volte a receber mais dinheiro, é a questão central que impera o Diálogo entre as duas partes.
O que mostra que a Renano não queria sequer que perdesse tempo em reuniões do tipo das que tem tido lugar agora é o facto de se ter recusado que a audiência fosse no luxuoso Hotel Indy Village, alegando ser um restaurante indecente, ao mesmo tempo que recusou que fosse no Ministério da Agricultura, dizendo que era ninho do chefe da Delegação do Governo, José Pacheco, para depois aceitar o Centro de Conferencias Joaquim Chissano, que é uma instituição tão do governo como aquele ministério.
Na verdade, a Renano está neste diálogo a queimar tempo para ver se o Governo acabará cedendo, e dar-lhes o que de facto quer, dai que alega agora que os seus peritos militares não vêm a Maputo por razões logísticas, quando há uns dois meses levou para a mesma Santunjira mais de 300 delegados que foram lá se reunir com o seu líder.
Tudo isto que acabo de resumir mostra e prova que todas estas alegações são para ganhar tempo, até que o Governo moçambicano assuma a mesma lógica ou algo parecido que o MPLA adoptou para Angola, em que para ganhar o apego eterno à paz dos dirigentes da UNITA, teve que lhes dar alguns cargos governamentais, ao mesmo tempo que se passou a se pagar salários chorudos para os que integraram o Parlamento, a tal ponto que já eram os próprios unitas que tanto se diziam amantes da democracia, que já nem queriam sequer ouvir mais falar-se de mais nova eleições no País, porque temiam que fossem perder os seus assentos.
Gustavo Mavie