A criança que não é abraçada pela sua tribo vai queimar a aldeia para sentir calor – provérbio africano
Zambézia, segundo rezam as crónicas, já teve um dos maiores palmares do mundo. Aquilo era um coqueiral e tanto. Hoje, dessa época gloriosa, só sobram recordações e um preço absurdo daquele fruto tão presente na culinária local e não só. O frango à zambeziana, por exemplo, deve ao coco o seu sabor único. Se juntarmos à lista a mucapata, molho de piripíri, o mukwane, micate e a sanana, a magia acontece… um tipo é capaz de radicar-se por aquelas bandas.
Mas coqueiros à parte, a cidade de Quelimane continua “igual a si mesma”. Bem… nem tanto assim… quem chega, nota logo à partida o mau estado das vias; parece um mal generalizado. Em Maputo, incluindo a província, há mazelas daquele jaez. Mas Quelimane lidera a lista das cidades mais esburacadas do país. É tanto buraco que só visto… até parece que, na calada da noite, um gajo qualquer diverte-se a fazer covas nas estradas… mas isso são outras cantigas.
Entretanto, gincana aqui, guinada ali, os ciclistas fazem das suas; muitos deles – fazendo o serviço de táxi – não respeitam as mais elementares regras de trânsito. Quem vai ao volante de um carro tem de ter os olhos bem abertos porque do nada um tipo muda de direcção ou corta prioridade com a maior naturalidade e segue como se nada tivesse acontecido. Nem as buzinadelas nervosas mexem com os ciclistas. Só Quelimane mesmo…
E naquela cidade misturam-se gentes de todo o mundo, mas destaca-se a forte miscigenação fruto do encontro de árabes, persas, portugueses e os nativos. Essa mistura dá pano para mangas e histórias. Afinal foi naquela província onde empresas como Companhia do Zambeze, Boror ou Madal ajudaram a construir uma narrativa diferente para milhares de pessoas entretanto habitantes nas zonas onde aquelas companhias se instalaram. Leia mais…
Por Belmiro Adamugy
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