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“Traição” a Gaddafi persegue Nicolas Sarkozy

Por Edson Muirazeque

O Tribunal de Cassação (Tribunal Supremo) da França confirmou, semana passada, a condenação, proferida em primeira e segunda instâncias, contra Nicolas Sarkozy, antigo presidente do país, por corrupção e tráfico de influência. O tribunal manteve a condenação de três anos de prisão, dois suspensos e um ano de prisão domiciliar sob pulseira electrónica. A decisão da primeira instância foi divulgada em 2021 e resultou na condenação de Sarkozy à mesma pena. Já em 2023, a segunda instância tinha rejeitado o recurso da pena apresentado pelo antigo Presidente. Agora, na última instância, confirma-se mesmo a prisão domiciliária com pulseira electrónica. Tendo em conta que o caso foi despoletado pela tentativa de Sarkozy ocultar o facto de a sua campanha eleitoral de 2007 ter sido financiada pelo regime de Muammar Gaddafi, o ditador que ele próprio foi protagonista activo na operação dos três mosqueteiros que o derrubaram, é caso para dizer que “traição” a Gaddafi persegue Nicolas Sarkozy.

Em 2011, numa espécie de “operação três mosqueteiros”, os líderes da França, Nicolas Sarkozy, do Reino Unido, David Cameron, e dos EUA, Barack Obama, deram a ordem para que os aviões dos seus exércitos começassem a bombardear a Líbia de Muammar Gaddafi. Pouco depois, transferiram para o braço armado dos EUA/Ocidente, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a responsabilidade de derrubar o “não desejado” líder líbio. Apoiando-se na controversa resolução 1973, a OTAN derrubou e eliminou fisicamente Muammar Gaddafi, embora tenha atribuído aos rebeldes líbios a proeza da mudança de regime no país. No mesmo mês em que as forças francesas bombardeavam a Líbia, Saif- -al-Islam Gaddafi, filho de Muammar Gaddafi, deu uma entrevista na qual afirmou publicamente, pela primeira vez, que o Estado líbio tinha doado 50 milhões de euros à campanha presidencial de Sarkozy em 2007, em troca de acesso e favores. Na altura, o filho de Gaddafi terá sido citado a dizer que “nós financiámos [a campanha] e temos todos os detalhes e estamos prontos para revelar tudo. A primeira coisa que queremos que este palhaço faça é devolver o dinheiro ao povo líbio. Ele recebeu assistência para que pudesse ajudá-los. Mas desiludiu-nos: devolvam-nos o nosso dinheiro”. Leia mais…

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