O Burkina Faso, o Mali e o Níger reafirmaram que pretendem manter um distanciamento do processo de integração económica regional que consideram ser patrocinado pelo Ocidente, particularmente pela França. Reunidos em Niamey, capital do Níger, o Capitão Ibrahim Traore, o Coronel Assimi Goita e o General Abdourahmane Tchiani assinaram um tratado de confederação que visa fortalecer o pacto de defesa mútua que os três anunciaram no ano passado, a Aliança dos Estados do Sahel (AES). Com este passo, as três juntas militares que ascenderam ao poder por via de golpes de Estado sinalizam, por um lado, que não pretendem voltar a integrar a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e, por outro, que estão empenhadas em erradicar a influência da França, a sua antiga potência colonial, que consideram ser a origem dos problemas daqueles países.
Com a assinatura do tratado de confederação, as juntas militares do Burkina Faso, Mali e Níger juntam, na AES, cerca de 72 milhões de pessoas. Para os líderes dos três países, a decisão não só permitirá aos três países eliminar o flagelo da violência jihadista, como também possibilitará a construção de uma nova aliança económica que remodelará a África Ocidental. No comunicado conjunto da cimeira tripartida, as juntas militares expuseram as suas aspirações a longo prazo: os três países vão reunir os seus recursos díspares para construir infra-estruturas de transportes e comunicações de amplo alcance; facilitar o comércio e a livre circulação de bens e pessoas para apoiar uma transformação industrial; e investir nos sectores agrícola, mineiro e energético dos três países. A ousada agenda, segundo o documento, será prosseguida através da nascente AES por via de plataformas digitais certificadas pelos governos, alimentadas por “uma narrativa em conformidade com as aspirações das pessoas” e falando com elas não no francês dos seus antigos senhores imperiais, mas nas suas própria línguas maternas. Leia mais…
Não à integração ditada pelo Ocidente, França
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