POR LUÍSA JORGE
LUISA.JORGE@SNOTICICAS.CO.MZ
Fazia anos que Laura adiava, talvez inconscientemente, um encontro com a pessoa mais importante para si naquele momento: ela mesma. Nunca se dava tempo para tal. Talvez fosse confortável para ela não criar esse espaço. Passavam cinco anos que apenas desfilava argumentos fúteis que camuflavam o medo que a consumia só de pensar em privar consigo mesma.
Pode até soar a ridículo, mas essa era a sua realidade. Entretanto, não media esforços para emprestar o seu ouvido a terceiros e escutar as suas inquietações.
No entanto, nos últimos dias, o universo, através de diferentes circunstâncias, cobrava-lhe isso. O que a aterrorizava. Finalmente, naquela manhã de sábado, o seu “habitat” estava despovoado. O seu irmão havia saído para um final de semana na quinta de amigos e o filho estava na casa dos avós. Na casa, reinava o silêncio.
Entre as cortinas da janela do seu quarto, atravessavam os primeiros raios de sol. Apesar de acordada, os seus olhos fechados teimavam em ignorar a luz natural que invadia os seus aposentos. Por dez minutos ensaiou levantar-se, mas não sentia muita energia para tal. Logo a seguir um pensamento sacudiu-lhe da cama: “haaa… esta coisa de ficar a pensar na vida é estranhamente deprimente, pois leva-nos a monólogos idiotas”. Leia mais…
