A Electricidade de Moçambique (EDM), parece querer copiar, imitar modelos e processos de governação do Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM). De má governação, diga-se.
Age sem pensar, sem avaliar os possíveis e prováveis efeitos da decisão, da medida que anuncia publicamente.
Foi o que aconteceu na semana que passou. Primeiro, anunciou publicamente que ia efectuar um corte de energia eléctrica à região sul do país. Entre as 22 horas de ontem, sábado, e as 18 horas de hoje, domingo. Depois, no dia seguinte, ou horas mais tarde, com data de 14, fez circular por correio electrónico um comunicado.
Do seu Gabinete de Comunicação e Imagem. Em que era dado o dito por não dito. Quer dizer, os gestores EDM haviam pensado melhor. Ou, simplesmente, pensado. O que, para eles, parece ser um exercício doloroso. Penoso. Pouco comum e pouco habitual.
E, em conclusão, já não era necessário realizar o anunciado “apagão”. Afinal, até havia alternativas. Diz, a dado passo, este segundo comunicado da EDM que Este anúncio é feito no seguimento de estudos das equipas técnicas da EDM, que concluíram a existência de condições para reduzir ao mínimo o impacto negativo do noticiado corte no fornecimento de energia eléctrica entre as 22:00 horas do dia 17 de Novembro de 2012 até às 18:00 horas do dia 18 de Novembro de 2012, anteriormente feito pela própria Empresa. Acrescenta o documento referido que Este corte surge pela necessidade de se efectuarem testes de comissionamento dos transformadores da Subestação da MOTRACO, na província de Maputo.
Esse comissionamento tem em vista o melhoramento da qualidade do sistema de fornecimento de energia eléctrica. A primeira questão que importa colocar, que deve ser colocada, é para saber qual o motivo que o anúncio do corte de energia não foi feito publicamente apenas depois de realizados os referidos estudos. Isto, parece ser uma falha de comunicação grave. Demasiado grave. Mas, enfim, só a EDM sabe e pode responder. Então, que responda. Se assim o entender fazer.
Este anunciado corte de energia à região sul do país, parece ter percorrido um processo em tudo semelhante ao do recente aumento de preços dos transportes públicos urbanos. Que resultou no que todos já sabemos que resultou. Ou seja, em nada. Pouco mais do que nada.
Quer dizer, estão mais caros mas não existem. São em menor número as viaturas em circulação. Para não se falar no encurtamento de rotas. Que continua a ser prática e processo de chantagem dos “chapeiros”. De resto, são eles que dominam e controlam o mercado. Não perceber isto significa continuar a dormir. Mesmo quando se pareça estar cordado. Significa não saber governar. Não saber mandar nem comandar homens.
E homens e mulheres sem comando, descomandados, constituem sempre perigo para a estabilidade social. Já começamos a assistir a isso a partir de metade da manhã da passada quinta-feira. Quando a borrada, a cagada da decisão municipal começou a ter os seus reflexos. As suas reacções, na rua. Quanto à semelhança entre as formas de actuação do CMCM e da EDM, pode parecer que são nenhumas. Mas não. Existem e são bem detectáveis. Começam pela arrogância.
Pela prepotência. Pela falta de respeito pelo munícipe e pelo consumidor de energia. Temos direito a mais respeito. Não somos números. Somos pessoas. O povo não muda. Os gestores públicos, os governantes podem mudar. O povo sabe como fazer mudar.