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O livro que ficou por escrever (2)

Por Jornal domingo

POR ANTÓNIO BARROS

Como disse na crónica da semana passada, neste mesmo espaço, uma das últimas vezes que falei com o General Gruveta, na companhia do nosso amigo comum, foi na noite anterior à homenagem que merecidamente a OJM na Zambézia lhe fez. Foi no parrot da sua casa. A conversa começou cedo e foi até madrugada dentro. Quando nos despedimos, olhei para o relógio, os ponteiros marcavam 3h00 da madrugada. Ele e o meu amigo beberam vinho tinto (uma excelente pomada, como um nosso amigo diz quando o vinho é bom) e eu bebi meia dúzia de duplos de whisky Dimple com muito gelo. Nessa noite, o Gruvas abriu o livro da sua vida, falando na primeira pessoa, de muitas coisas que nunca nos tinha contado, mas que tinha a certeza que nós registaríamos para constar no seu livro que iríamos escrever. Falou das venturas e desventuras. Das suas alegrias e tristezas. Dos seus desejos e dos seus sonhos. Do que se tornou realidade e do que ainda estava por vir. Dos esforços que fez para deixar aos moçambicanos desta e doutras gerações um país de justiça social, democrático, inclusivo e onde os seus cidadãos deveriam ser tratados de igual modo, independentemente da sua raça, etnia, religião, região ou classe social. O General, na qualidade de bom comandante, “municiou” a minha intervenção para que eu, na qualidade de “mestre de cerimónia”, na gala em sua homenagem, pudesse contar com conhecimento de causa alguns episódios dos muitos e longos episódios da sua vida. E assim fiz. Contei, como ele queria que fizesse a todos os presentes que participaram na sua homenagem, os quais tornaram pequena a grande sala do Hotel Chuabo. Contei as histórias que ele me contou, colocando ênfase no que achava de mais importante, na circunstância, para que os presentes retivessem nas suas memórias os feitos deste homem, que se tornou herói de todos nós com todo o mérito. Numa das belíssimas noites luarentas, recebo a informação de que o General Gruveta havia dado o recado, que queria jantar connosco. À hora aprazada, fomos buscá-lo e ele, como habitualmente, perguntou-nos onde queríamos passar o serão. Como sempre, fomos hesitando, pensando na persistente teimosia de não aceitar que lhe pagássemos os jantares e, em consequência, fomos pensando no local onde iríamos, de modo a não lesarmos demasiado o seu bolso. E, ele na sua intuição, remata como sempre na brincadeira: Leia mais…

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