POR ANTÓNIO BARROS
Quando a guerra flagelava Moçambique, havia uma instituição bancária que se preocupava muito com a educação financeira dos cidadãos das zonas mais recônditas do nosso país. As zonas mais afastadas da capital. Esse banco de seu nome Banco Popular de Desenvolvimento (BPD) tinha balcões na maior parte dos distritos e para além de recolher as poupanças dos seus depositantes, explicava aos cidadãos o que era a economia de guerra e os esforços que os camponeses e trabalhadores de outros ramos de actividade deviam fazer, para que a economia do país não colapsasse e para que não faltasse comida nos nossos pratos.
O BPD, Banco do Pé Descalço, como os populares lhe chamavam, dava financiamento aos pequenos e grandes Produtores que em tempo de Guerra produziam para nos alimentar. Dirigia esse Banco Hermenegildo Cepeda Gamito, homem dos sete ofícios, que percorria os distritos, mesmo os que tinham problemas de segurança, normais num país em situação de guerra. Ele tinha consciência de que era necessário auxiliar os consumidores e Produtores na administração dos seus rendimentos, nas suas decisões de poupança e investimento.
– Se o povo está lá produzindo para garantir a segurança alimentar, quem somos nós para não irmos lá apoiá-los e encorajá-los – disse-me ele quando lhe perguntei se não tinha medo de se deslocar às zonas de guerra e acrescentou com o seu ar sereno e tranquilizador:
– Temos lá os trabalhadores do banco e temos de motivá-los e mobilizá-los para continuarem firmes nas suas tarefas. Eles são os nossos exemplos, a nossa linha da frente. Os nossos heróis anónimos – sentenciou Hermenegildo Gamito nessa conversa. Leia mais…