A notícia correu célere na então pacata cidade de Mocuba, onde “todos os caminhos se cruzam e Moçambique se abraça” e como “quem conta um conto, acrescenta um ponto”, de boca em boca, de ouvido em ouvido, todos na cidade e arredores ficaram a saber o que Manuel António havia feito.
A comunidade agregada à volta de Manuel António aumentou. No auge do seu poder, em 1990, contava com cerca de três mil guerreiros que operavam na Zambézia e parte da província de Nampula. Essa comunidade agregada à volta de Manuel António passou à ofensiva nalguns distritos. Armados com os seus instrumentos de “guerra”, movimentavam-se de uma forma ostensiva, frontal e coordenada ao som de apitos, ostentando braçadeiras vermelhas, às vezes cantando, os guerreiros que se consideravam imunes conseguiram recapturar algumas povoações e bases controladas pela Renamo. Na maioria das vezes os defensores limitavam-se a fugir, apesar de armados, também convencidos de que disparando apenas sairia água. Fugiam que nem judas da cruz. Abandonavam o local onde se encontravam, apesar de armados, porque também convencidos da ineficácia das suas próprias armas. Outros episódios rocambolescos foram-nos contados por quem vivia de perto com os Naparamas ou que no teatro das operações eram retirados das bases da Renamo ou de zonas sitiadas por estes. As proezas de Manuel António, o vidente, eram multiplicadas e a sua fama foi aumentando e passou a ser conhecido não só na Zambézia e em Nampula, mas em todo Moçambique e, quiçá, no estrangeiro. Jornalistas, historiadores e estudiosos de muitas partes do mundo deslocaram-se à Zambézia para reportar e estudar o fenómeno Manuel António, que criou depois um quartel no posto administrativo de Macuse, para servir de tampão às incursões inimigas contra a cidade de Quelimane. Leia mais…
Por António Barros