No dia 21 de Novembro de 2004, houve uma festa regional, que envolveu as quatro (sim, quatro) províncias do Norte geográfico de Moçambique, a saber: Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia. Teve lugar na sede da terceira província, que Alfredo Gamito baptizou de capital do Norte.
O mote incontornável, que fez com que voluntariamente as gentes daquelas províncias se deslocassem a Nampula, era a consagração do Ferroviário local, como campeão nacional, a primeira odisseia em toda a região. Era uma festança que cada um não sabia como veio parar ali.
A banda Massukos, normalmente difícil de movimentar, também apareceu. Dessa vez aceitou juntar-se aos músicos que cantam em “playback”, entre eles, o falecido Jeremias Nguenha, vindo da capital do país, que viria a ser o primeiro a actuar no Santuário do 25 de Junho, antes do jogo entre os “locomotivas” e o Desportivo de Maputo, partida que não alteraria nada visto que o Ferroviário já tinha sido virtualmente campeão.
O jogo com o Desportivo servia, entretanto, para além do acerto do calendário, para outros objectivos. Desde a sua existência, o Ferroviário de Nampula nunca tinha batido os “alvi-negros” e aquela seria a vez! Na verdade, nem chegou a ser. O Desportivo voltou a ganhar os anfitriões, ainda que isso não alterasse o facto de que eles já eram campeões. Dali não controlei mais a vida dos dois conjuntos para concluir se os nampulenses alguma vez bateram o Desportivo.
Quando Jeremias Nguenha foi ao palco, vimo-lo acompanhado por si próprio e os Massukos disseram que era vergonhoso tocar ali em “playback”. Sem que muitos se tivessem apercebido, dois componentes se abeiraram dele e em 7 minutos improvisaram a pauta musical, depois de descobrirem que era basicamente de duas notas. Assim, os niassenses acompanharam “Lafamba Bicha” e outras poucas do reportório do finado.
Por Pedro Nacuo