“… assim, enquanto o céu existir, todos vamos morrer. Vamos dormir o sono da morte, para nunca mais levantar” – Job: 14-12
Levei algum tempo para, infelizmente, dar-me conta que as pessoas, finalmente, já não têm medo da morte. Muito menos dos cemitérios. Antes pelo contrário, as pessoas sentem-se fascinadas e até mesmo deslumbradas por aqueles lugares outrora sagrados e hoje vulgarizados. Desde sempre nutri um respeito medonho “inexplicável”, se calhar, pelos cemitérios, pois cresci sem saber onde jaziam os restos mortais de muitos dos meus entes queridos que tinham vivido comigo no mesmo tecto, para no dia seguinte receber a informação de que o tio fulano já nos deixou para sempre. (A hi side); ficou feio, (a bihide); desapareceu, (a mwalade). A morte e o cemitério para nós no tempo da minha infância e adolescência eram religiosamente respeitados e, porque não, temidos. O exemplo mais flagrante foi o do meu avô paterno com quem compartilhava a mesma esteira. No dia em que “nos deixou para sempre”, sacudiram-me, eu ainda sonolento, e mudaram-me para uma casa vizinha. Dois dias depois do “desaparecimento físico, eterno” do meu querido avô, foram-me buscar para dar-me a desagradável e incompreensível notícia. Passaram cinquenta anos para o meu falecido pai indicar-me onde dormia o sono eterno o seu (dele) pai, quando para lá nos dirigimos para deixar junto daquele a sua (dele) mulher, mãe do meu falecido pai.