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Memórias no tempo

Por admin

O meu falecido pai era da Zambézia, de onde é originária toda a minha família da parte paterna.A parte materna é de Maputo.

Num certo dia em plena época colonial, eu ainda miúdo e de mão dada com o meu saudoso pai na cidade de Quelimane, caminhando numa rua empoeirada, vi várias pessoas a caminhar tristemente em linha indiana, com um ou mais indivíduos armados seguindo-os.A cara era triste e o rosto virado para baixo.O que havia de comum era a parte saliente da cabeça toda sem cabelo,e perguntei ao meu pai o que era aquilo.Ele respondeu-me da seguinte maneira.Filho estes homens são propriedade de um senhor branco.

Perguntei então pai porque razão estes homens têm todos uma marca na cabeça?

Ele respondeu-me que era a marca de propriedade do senhor colono branco.Explicou-me de seguida que era uma marca feita com tijolo ardente na cabeça.Mais tarde soube que naquela parte da cabeça marcada pelo tijolo a arder não nasceria mais cabelo.

Fiquei aterrorizado, e mesmo criança o sangue subiu-me,mas o meu pai apercebendo-se apertou-me a ele e confortou-me o quanto pode.

É difícil esquecer aquela imagem, e cresci como outras crianças, olhando o colonialismo com sangue nos olhos.Averdade inexorável, o colonialismo era cruel, racista, explorador e desumano,… E à medida em que crescia o tempo dava-me razão.Em todo o lado onde enxergava, o quadro era mais ou menos idêntico àquele:mulheres de lata de água ou cesta pensante na cabeça, e homens muitos homens suando e queimando ao sol, futuro sem esperança.Não tínhamos uma economia,…Tudo o que era nosso saía para para a antiga metrópole, para encher os bolsos e a barriga da elite portuguesa, e quanto mais nos esforçássemos,eramos espancados e psicologicamente humilhados, os nosso direitos humanos violados até à prisão ou à morte.E quando algumas vozes de direito se levantavam eram logo silenciadas.

A independência foi a consagração política da Nação moçambicana, liderada pela Frelimo, e um ponto de partida para outras etapas que nos levaram ao presente.

Os escolhos que tivemos de ultrapassar alguns são de ordem natural , outros herdados e outros impostos de adversários da soberania, que hoje derrotados pocuram a brecha de penetração ideológica, que lhes permita manejar o seu pivot, ao encontro do seu desiderato, a desestabilização sócio, político,económico e militar de Moçambique.O objectivo neocolonial continua ser provocar um guerra civíl, que gerasse um vazio no poder, mas o que tem conseguido são repetidas e inconsequentes querelas de fricção política, e uma consequente bipolarização do discurso, que deveria ser de reconciliação,neste momento acintoso e de confrontação.

Os tempos mudaram, a forma de viver a política evoluíu, Moçambique é um pais soberano,uma democracia representativa, com uma  economia sustentada em imensos recursos naturais, gerida de forma a produzir modelos macroeconómicos, capazes de produzir efeitos desejados na luta contra a pobreza, e construção de infraestruturas, mas há quem teime em não perceber isso.O líder da Renamo parou no tempo, agarrado a crenças intemporáis, entretido em fomentar  inutilmente o tribalismo e o regionalismo, a produzir distrações do tipo inusitado em democracias, mas  incapaz de impedir a vontade nacional de prosseguir rumo á paz e ao desenvolvimento.

Temos amigos no mundo inteiro, o que ignorava era da existência de um estrato social capaz de ressonar no goto ultracolonialista, ao  afirmar que o colonialismo era bom.Fizemos a guerra contra o colonialismo para libertar a terra e o homem, em nome daqueles mais de 90 %, que na época colonial nem sequer falavam português, e hoje sabem em quem votar.Ainda bem que confirmamos tratar-se de cidadãos portugueses,  e não de nacionais.Hoje em dia quanto a mim não existe pior negro do que aquele com complexos de inferioridade,e que se subalterna à Europa e aos europeus, devido à côr da pele.

Essas redes sociais activas em Portugal contra o partido Frelimo e o seu governo, expressam o sentir ínfimo remanescente num sector da sociedade,ao mesmo tempo que os ataques estimulam o ressurgimento do patritotismo nos moçambicanos, além de fazerem renascer feridas ainda purosas em alguns segmentos, que em nada benefeciam as relações bilaterais.É o mesmo que constar que a Pide-DGS apesar de extinta em Portugal, parece activa em Moçambique,onde num  último esgar de saudosismo ideológico  delira com os desmandos criminosos da Renamo, ao mesmo tempo que  perseguem articulistas conotados com o partido Frelimo e seu governo, assim como ofendem os dirigentes; de Lisboa copiam textos de jornais para os seus blogs,  incluindo do jornaldomingo, que consideram para camaradas e afins, o que seria  motivo suficiente para os deixar em paz,mas  toca  a vituperar, perjurar, lançando propositadamente a suspeição sobre carácter e a integridade das pessoas, revelando pequenez de espírito, intolerância ideológica contra a linha redatorial, e acima de tudo, uma gritante falta de ética e princípios.A pessoa é livre de emitir a sua opinião e por mais redutora e distinta dos outros a sua ideologia, deve aprender a respeitar o espaço de opinião de outros.O motor de procura google nunca foi concebido para estar o serviço da intolerância politica, racial ou religiosa.

Nós que acreditamos no estado de direito, condenamos os actos criminosos da Renamo e do seu lider que ordena a morte de moçambicanos, contrariando assim um valor fundamental plasmado na Constituição, que é o direito à vida, bem como a agenda de desenvolvimento dos nacionais; e apoiamos as FDS e da justiça na prossecução do seu dever de usar a coerção para recolha de armas e de  perseguir  e punir o lider da Renamo neste momento a contas com a justiça.

Os que  semanalmente  atacam a integridade do jornal e copiam os textos sem autorização, o gabinete jurídico do Jornaldomingo está a par da ocorrência, e todos têm seguido com atenção por parte dos órgãos jurisdicionais competentes,..O clima de impunidade para este tipo de actividade deve acabar..

Uma das grandes dádivas da independência foi o readquir da auto-estima, reforço da unidade nacional, e o assumir do orgulho da herança bantu:de Rovuma a Maputo o povo passou a orgulhar-se  do mosaico cultural nacional, danças e cantares africanas,usar trajes tradicionais , história de Africa  e orgulho de ser  africano.Efectivamente o renascimento africano reencontra-se na arte e cultura do passado, no orgulho de ser africano, nas línguas africanas e na capacitação económica e financeira de Africa e dos africanos para melhor entendimentos sobre os seus valores.O partido Frelimo deve evoluir dos jovens , mas os jovens antes do mais devem aprender a história. 

O nosso mural de patriotismo não pode ser indeferente a certo indivíduos que chegam a Moçambique com títulos de empresários,outros membros de organizações para fins no lucrativos, mas na verdade são artistas disssimulados, em busca de riqueza fácil, e para dedicarem-se em actividades subversivas, assim como compra de BI`s, falsificados para penetrarem o mercado de trabalho e outros,….Moçambique tem a Lei da nacionalidade.Estas pessoas são vítimas de um mal psiquiátrico, directamente relacionado ao clima social e político  e económico que se vive.Pretendem protagonismo quando nem sequer são moçambicanos.Falar de exclusão ou inclusão social e económica não é um simples cliché publicitário.O pluralismo de idéias está expresso em tudo quanto se manifesta, massificando o discurso directo, embora saibamos que todas as democracias têm a sua imperfeição, no entanto nenhum moçambicano se pode queixar de não estudar por pertencer a este o àquele partido, de não receber assistência médica, ou ter um emprego,ter um advogado, ou receber assistência financeira, ou benefiaciar de um empréstimo, por pertencer a um partido político.

Acredito na cooperação internacional, e no investimento estrangeiro, um elemento decisivo no apoio ao desenvolvimento económico.

Temos empresários bem sucedidos, que eu saiba ligados tanto ao partido do governo, maior partido da oposição e MDM e partidos extraparlamentares. A Africa será sempre vulnerável enquanto perder tempo em falácias, em vez de criar uma elite económica forte, capaz de competir de igual para igual com a elite económica internacional.Em minha opinião apesar dos imensos recursos naturais descobertos em Moçambique, o que conseguimos foi uma elite económica em formação, e não uma elite económica consolidada.E isto porque os recursos são apenas uma promessa, e enquanto  existirem multifacetadas nuances económicas, financeiras e jurídicas, nem uma tradição familiar de riqueza , quando uma crise  económica acontece , a tendência é abalar os alicerces da classe.O que pretendo dizer é que conquanto a economia de mercado fez emergir uma classe abastada que se distingue dos outros por ter sabido tocar os instrumentos, por enquanto não trouxe milionários.O nossos ricos ou abastados resultam de oportunidades de negócio pontualmente realizados como compensação financeira, pela exploração de recursos minerais e outros.A sustentablidade política e económica poderá  ajudar a cimentar o papel politico da classe abastada, desde que esta continue a participar activamente na economia,  continue decisiva  no abrir de espaços a outros nacionais a ascenção à classe média, através da criação de empregos, e tornar mais  visível o produto made in Mozambique.

Até neste aspecto os adversários do governo e partido Frelimo  acusam o partido de monopólio económico.Uma obervação absurda, por a economia de mercado não ser uma (closed facility), dependendo da habilidade de cada um .Ricos e pobres existirão sempre. No mundo virtual de hoje a imagem de gente rica é-nos oferecida como uma arte de magia, contudo gente rica não se fabrica. Não basta dizer que o país é rico, o importante é saber em que sector a pessoa tem capacidade de participar, e o que distingue uns dos outros é a capacidade de iniciativa,pesquisa e imaginação.Esses têm capacidade de obter dividendos necessários e fazer a diferença.

O desempenho da   economia moçambicana conheceu dias melhores, 4.8 %, portanto abaixo da meta estabelecida pelo governo que era de 7% e a taxa da inflação a previsão na casa dos 7.1.A conjuntura económica não é das melhores,contudo o período cíclico pode melhorar, desde que a produtividade aumente eo clima de incerteza seja dissipado,e que o recuo pontual de investimento estrangeiro volte a conhecer dias melhores.Dias melhores certamente virão, os recursos existem, e a sustentabilidade da divida soberana não pode esperar, todos temos de melhorar a visão que temos uns dos outros, na perspectiva de peças imprescindíveis no desenvolvimento salutar político e económico da sociedade.

Unidade, Paz e desenvolvimento

Inacio Natividade 

 

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