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Lá só comemos inglês

Por Idnórcio Muchanga

Regressáramos da Praia MiraMar, defronte de onde está erguido o imponente Hotel Glória, quando a conversa esticou na varanda da loja do Simões. Gilito era o palestrante. Fazia um calor danado. Cerca de 35 graus. Eram quase 17.00 horas e mesmo assim a brisa tardava chegar ao bairro Zixaxa. O barulho proveniente da sucata Ramos aumentava o nosso desconforto. Cruuuu…criiiiii….cruuuu…gu… gu…gu…sucata a ser retalhada.

Para refrescar a garganta chupávamos gelo doce que compráramos na casa da Nwassissi (um cabelo). Éramos dez: eu, Ussumane, Está Certo (Mandinho), Mutripana, Guipango, Ali Badjia, Suli, Gilito, Quando e Mabidze .

O que nos arrastara até à praia era a possibilidade de tomar banho nos chuveiros públicos antes e depois de nos fazermos à água e guardar a nossa roupa nos balneários, que à época existiam.

A ida fora feita a corta-mato. Rasgamos o ex-bairro Indígena (Popular da Munhana), embrenhamo-nos pela Mafalala, infiltramo-nos pela Malhangalene, depois Coop-PH, e fora sempre a descer até à praia. Caminhávamos de tronco nu. Zero músculos à vista. Camisas amarradas à cintura. Os que tinham chinelos, uns traziam-nos calçados e outros na mão. Uns à frente outros atrás. Um pelotão. Leia mais…

Por André Matola
andre.matola@snoticias.co.mz

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