POR PAULO MATEUS WACHE*
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A África do Sul realiza as sétimas eleições gerais no dia 29 de Maio, num ambiente político complexo caracterizado por dissidências, disputas judiciais, e incertezas sobre os vencedores. E Jacob Zuma tem sido o actor mais badalado apesar de estar fora do poder desde 2018. Um protagonismo patrocinado pelo Presidente Cyril Ramaphosa que, ao invés de dirigir o ANC e governar o estado sul-Africano, optou por uma estratégia de perseguição política ao seu antecessor. A nível do ANC, Ramaphosa, a procura de maior legitimidade, implementou ao pé da letra a step-aside rule, uma resolução interna do ANC adoptada em 2017, na quinquagésima quarta Conferência Nacional do ANC.
Segundo esta resolução qualquer membro do ANC que for acusado de corrupção ou outro crime deve ficar fora, voluntariamente, das actividades do partido e do Governo ou deve ser suspenso.
A principal vítima desta resolução foi Ace Magashule, secretário-geral do ANC (2017-2022), que foi expulso do ANC em Junho de 2023. A expulsão de Magashule, aliado natural de Zuma, foi sustentada pela acusação de corrupção e pela aplicação, sem contemplações, da step-aside rule. Apesar dos motivos parecerem nobres, os adversários de Ramaphosa olharam para a expulsão como perseguição política. Tanto é assim, que quando, em Maio de 2021, Magashule foi suspenso do cargo de secretário-geral, ele recusou-se a cumprir tal decisão. Portanto, a expulsão foi tida como uma estratégia de Ramaphosa de calar os adversários políticos internos, consolidar a sua legitimidade e perseguir indirectamente Zuma. Leia mais…