Li com relativa gula a notícia que um semanário da capital publicou, na última sexta-feira, segundo a qual, para as eleições gerais e municipais seguintes a “Renamo aposta na formação anti-fraude”, justificando que é para evitar o que considera terem sido eleições fraudulentas nos cinco escrutínios que disputou e perdeu. Acrescenta a notícia que o segundo maior partido no país pretende formar quadros à altura de travar a viciação de pleitos eleitorais.
Poe, ainda mais, claro que a tal prontidão refere-se aos pleitos de 2018 (Municipais) e de 2019 (Gerais). Isso é que é falar! Justamente porque se há eleições para as quais se devem preparar os partidos, são as que vem e não as passadas.
Desta vez podemos estar bem “enganados” que estamos perante uma visão séria, a avaliar pela estatura de quem está a partir o aviso, o secretário-geral, Manuel Bissopo. Os partidos, com efeito, preparam-se, porque as vitórias ou derrotas, normalmente, vem à medida da sua (im) preparação.
Por outro lado, provavelmente, a Renamo deixará de avaliar a sua popularidade no número de pessoas atrás do seu líder, ainda que distribuindo mensagens sobre promessas que não se podem cumprir. Na verdade, as pessoas gostam de ouvir e ver quem promete.
Assim, a Renamo passará a deter-se na organização interna para perceber a magia que os votos fazem na sua relação com o número de pessoas que aparentemente gostam de ouvir as promessas.
Talvez por ai perceberá que a diferença é abismal entre votos e tiros, sobretudo porque no dia das eleições só há os primeiros e há muitas almas presentes apenas para dar de comer as urnas famintas, que nunca estiveram em algum comício eleitoralista.
É de acreditar que as próximas eleições sejam sérias, se quem assim fala, é o partido que infelizmente confia mais no poder da ameaça. Está a dar-nos a esperança de nos vir deleitar da democracia por si parida, conforme insiste.
Sendo assim, podemos aplaudir a iniciativa e sentirmo-nos tidos em conta, pelo que podemos, inclusive, dar as nossas opiniões públicas, como seja, que os outros já estão a fazer isso, passa muito tempo.
Na verdade, embora o lema seja do adversário, “ a vitória organiza-se e ela prepara-se”. Os outros estão a somar encontros de organização a caminho das mesmas eleições e há os que apresentaram documentalmente as suas ideias e foram aplaudidos pela sociedade moçambicana.
Passados 22 anos de democracia, não precisamos de muletas estranhas para nos fazerem chegar ao poder, mas sim, de nos organizarmos cada vez melhor a fim de entendermos internamente quanto custa a nossa proposta de sistema politico.
Por assim dizer, não é nas rondas negociais onde o povo se sente presente, mas nas urnas, uma vez em cada lustro, no contacto directo com eleitorado, não uma vez de cinco em cinco anos, a quem justificamos os nossos desaires e os nossos ganhos.
Se é verdade o que o chefe em lugar certo e visível disse, nós outros só podemos aplaudir, porque assim é que é falar…
Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com